segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

OS BUFOS







Somos um povo fantástico!!! Não entendo quem se diz envergonhado da sua condição de português! Sou portuguesa e tenho um ENORME orgulho nisso! Orgulho-me da nossa História, do nosso passado recente e deste presente que vivemos com a garra ,a dignidade, a fibra que nos definem como povo.


Que não se iluda quem confundir tal atitude como passivismo, ou mesmo frouxidão! A tolerância é-nos bem conhecida, sabemos esperar, mas temos em nós a tenacidade que não recua perante nada e uma vez lançado o rastilho da revolta , levamo-la até ao fim!

Mas como não há bela sem senão, temos os nossos defeitos para os quais olhamos com alguma complacência chegando mesmo a intitulá-los como “ desporto nacional” como se fossem assim coisa de somenos importância, algo que nos dá prazer sem consequências, uma forma de passarmos os tempos livres, uma actividade de fim de semana. Refiro-me à maledicência e à inveja.

Se bem que não possa generalizar-se, estes dois defeitos nacionais tendem , caso não lhe ponhamos cobro rapidamente, a tornarem-se em cancros metastizados um pouco por toda a parte.

E tal como a malfadada doença física, também estes se detetam primeiro nos órgãos principais. Começa pelos lugares de chefia ou diretivos e vai por aí fora sentando-se no hemiciclo com o à vontade de quem já tem lugar cativo. Ele é o “diz que disse”, o esgravatar na vida particular dos outros até à quinta geração por forma a encontrar qualquer esqueleto no armário, nem que seja o do periquito ao qual se torceu o pescoço aos três anos!

Paralelamente surgem, como se fossem cogumelos, os bufos.

Lembram-se deles? Aqueles tipos sebosos que ouviam aqui e iam de imediato levar a informação a quem pagava ou protegia? Recordam-se? Ah! Pensavam que tinham desaparecido, enterrados com a Velha Senhora que por acaso sempre foi um homem? Pois bem não foram!

Durante alguns anos estiveram inativos, sub-reptícios, sossegados à espreita da oportunidade para verem a luz do dia novamente.

E o momento chegou! Ei-los novamente em plena pujança, alimentando-se do clima de terror e incerteza em que vivemos, acolitando a mediocridade que tomou conta deste país.

Tal como um mortal tumor vai estendendo os seus tentáculos alimentados por toda a incompetência que por definição é cobarde e tende a deixar por onde passa, a terra queimada e estéril.

Pobre país este que se vê a braços com um clima de terror e num primado de mulheres de soalheiro !

Pergunto-me se não existirá forma de estripar semelhante cancro? E se há para quando a intervenção cirúrgica?

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

cocó na fralda: Birds do it, bees do it

cocó na fralda: Birds do it, bees do it: Tenho esta mania esquisita há anos. Imagino as pessoas a... fazer o que as abelhas fazem. Não tenho culpa. Acontece-me. Às vezes a imagem qu...

Não costumo dar opinião mas não resisto até porque... olhe somos duas!!! Isso e a imagem linda de certos senhores ( e senhoras) pomposas no respetivo trono com um avalente dor de barriga. Enfim cada um faz o que pode para encarar alguns energumenos com um sorriso na cara , ainda que amarelado .
Em relação ao nosso queridissimo Gaspar... minha cara estou em crer que qualquer mulher adormece  no ato! E quando avorda é de manhã e ainda o encontra ali quase quase...
Desculpe mas vou ali vomitar e já volto sim?

terça-feira, 13 de novembro de 2012

PORTUGUESES OU A ARTE DE ENGOLIR SAPOS- ED. TROIKA/PSD






Nem vou falar da Merkel porque nada mais há a dizer e além disso almocei, coisa que raramente faço e não me apetece ficar agoniada.


Agonia por agonia, basta-nos a que estes senhores que se auto denominam de nossos governantes, nos dão a cada passo. Sempre é produto nacional !!

A última invenção destes senhores feudais para obstaculizar a greve é a formação de quadros da Função Pública no preciso dia em que a paralisação está convocada.

A situação de tão ridícula e patética chega a ser dolorosa!!

Passam-se anos ( ANOS!!) sem qualquer tipo de formação, por alegada contenção de despesas e quejandos. Mas em vésperas da maior greve algum dia anunciada na Europa toca a organizar formações à pressão!

Uma vez que, como é sabido a situação do país se deve em exclusivo aos funcionários públicos que, para além de serem principescamente pagos e com carreiras desbloqueadas e desempenhos avaliados com a maior das isenções, são o cancro da economia , vá de lhes dar formação para ver se aprendem qualquer coisinha! Por coincidência no dia da greve mas… é a vida, não houve intenção! Agora está bem de ver que, como a formação conta como créditos para a progressão lá para o ano 2037, e esta será a única nos próximos…três a quatro anos, quem não for arca com as responsabilidades.

Resumindo: o mexilhão é sempre o mesmo!!

Primeiro foram os dez por cento que nos tiraram ( sim sou funcionária pública e sim vou postar isto no meu horário de trabalho mas não , não tenho processo NENHUM em atraso!) logo para abrir as hostilidades. Seguiu –se o desaparecimento dos subsídios e agora temos duas alternativas: ou fazemos greve e lá ficamos novamente a patinar na suposta carreira ou vamos, quais cordeiros para o matadouro, ouvir um senhor convocado à pressa – estas formações foram todas marcadas esta semana!- falar em como encher chouriços em dia de protesto e engolimos mais um elefante verde.

Sim, porque os sapos já nós comemos .

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

RAS TRAS PAZ!







Todos nós sonhámos um dia ganhar um Nobel qualquer!


Eu pelo menos sonhava que um dia tocaria a bela medalha colocada no meu pescoço, por obras humanitárias ou por literatura. Sonhos!...

A União Europeia no entanto, estou em crer que jamais pensou coisa parecida e com razão! Conceder –lhe o Nobel da Paz só mesmo em sonhos e por piada!

Mas como o Mundo está de pernas pró ar e como dizia a minha avó desde que os homens começaram a mexer nos astros isto nunca mais teve conserto, lá temos a dita União galardoada com um prémio que começa a perder credibilidade.

Mas a que propósito estou eu a comentar um Prémio dado há semanas? Não , não é por síndrome de Rantanplan ( aquele que gane meia hora depois da carroça lhe ter atropelado o rabo!). É por raiva mesmo!!

Hoje é o segundo dia de greve na Grécia e para a semana a Ibéria entra também em protesto! Onde está então a Paz na União, digam-me cá?

Dizem os teóricos, os politicamente corretos que nunca a Europa viveu um tão grande período de paz como agora. A sério? ! Mesmo?! Mas de que tipo de paz , ou de guerra já agora, estamos a falar?

Guerra convencional? Tenham paciência mas esquecem-se da guerra nos Balcãs. “ Ah e tal, mas isso ainda não era na UE e como tal…” e como tal ficámos impávidos e serenos enquanto a Alemanha reconhecia unilateralmente a independência de Montenegro, abrindo assim a caixa de Pandora que teve como consequência uma guerra fratricida, xenófoba e vergonhosa.

Paz social? Não me façam rir que a coisa não está para graças! Nunca a Europa viu tanta contestação social nem nunca como hoje se esteve tão perto duma guerra .

Uma guerra que será diferente de todas as outras;: uma guerra civil europeia! Que tal como corolário dum Nobel?

Uma Europa que não é solidária, que se apresenta a várias “velocidades” , que não tem uma política fiscal comum, uma política externa comum… nada em comum é uma Europa desunida, fragilizada, moribunda!

Pensando bem se calhar não foi mal pensada a atribuição do Nobel . Só que deveria ter sido referido o seu título póstumo em homenagem aos pais da ideia tão bela, nobre e utópica que não passou disso mesmo: um sonho!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

ALGO ESTÁ PODRE NO REINO DA EUROPA









Se fechar os olhos ou se os abrir para a paisagem e me abstrair da língua que não entendo, sinto-me em casa!


Longe da azáfama de Atenas e dos grandes centros, a Grécia é um país que se confundiria com Portugal, não fosse a distância.

Porém, ao contrário do que acontece connosco, nesta região onde o Evros delimita a porta de entrada na Europa, ainda subsiste alguma agricultura de média dimensão.

A refinaria de açucar terminou hoje mesmo o seu trabalho do ano. Os camiões com algodão vão escasseando ao longo da estrada. O tabaco foi armazenado há meses.

O Norte da Grécia prepara-se para viver mais um Inverno, desta vez debaixo do calor dos protestos e do garrote da Troika, enfrentando um aumento de 30% no preço da energia que obriga a recorrer ao velho sistema da lenha para poder sobreviver.

É que, longe dos folhetos turísticos, este país não é apenas sol e belas praias, ilhas e música. No Inverno esta região pode sofrer 20º negativos! Essa é a razão de se verem armazenados tantos toros de madeira um pouco por todo o lado: debaixo de alpendres, em garagens, nos galinheiros.

A Grécia está deprimida!

A vida que lhes foi oferecida foi-lhes também abruptamente tirada, tal como a nós.

Nenhum cidadão comum a pediu! Foram-lhes oferecidos créditos pelos bancos que os obrigaram a sonhar, que praticamente os forçaram a endividarem-se com os luxos que, durante décadas apenas viram noutros países do Norte para onde emigraram em busca do que a Grécia ( ou será Portugal? ) não lhes podia dar.

Sim foram ( ou fomos?) imprudentes aceitando, como crianças pobres, os brinquedos que até então apenas viramos nas mãos dos outros ou nas vitrines das lojas onde jamais tínhamos entrado. Por isso aceitámos o crédito da casa, do carro até das férias. Porque não? Afinal a intenção era pagar com o nosso trabalho, o nosso esforço.

Foi então que , vindo do nada, pelo menos para o comum dos cidadãos, a crise chegou. E onde? Aos bancos, os mesmos que quase nos forçaram a endividarmo-nos.

Tal como em Portugal também aqui a banca é na sua maioria privada. O nosso ( nosso?!) Millenium fica apenas a uma centena de metros do meu hotel.

Que razão houve pois para acudir com o erário público aos bancos em dificuldades? Não, não, não nos expliquem em linguagem técnica! Em termos básicos por favor… A banca funciona com o dinheiro dos depósitos, especulando com eles, certo? Ora aos governos deveriam apenas garantir os depósitos efectuados, não injectar dinheiro num sistema privado!! Quantas das empresas Gregas e Portuguesas faliram nos últimos dois anos? Quantas delas foram intervencionadas mesmo sabendo das centenas, milhares de desempregados que irão ficar a cargo da Segurança Social?

Não se pode negar que em termos da estrutura socio-económica que existia na Grécia pré troika, os gregos faziam jus a Zorba na sua dança despreocupada! Mas em boa verdade foi algo que lhes foi dado e não exigido . Tinham um 15º mês de ordenado, trabalhavam pouco, certo! Mas a Europa desconhecia isto? Acordou tarde, não fez o seu trabalho de casa ou assobiou para o lado?

Não é de admirar pois o aumento do descontentamento e das greves cada vez mais violentas. Ninguém gosta passar de cavalo para burro. Nós ( Gregos e Portugueses) não gostamos. Sobretudo quando são os mesmos a trocar de montada!!

terça-feira, 9 de outubro de 2012

CARNE PARA CANHÃO OU O FIM DO SNS

Os piores crimes, os mais hediondos são os cometidos sob a capa da humanidade ou de forma camuflada como efeitos colaterais de medidas aparentemente necessárias e justas.

Os períodos de regressão económica ou de instabilidade social, são-lhes propícios e contam muitas vezes com o apoio ou pelo menos com a apatia dos cidadãos que não vêm ou se recusam a ver.

Foi assim com a Alemanha de Hitler, foi assim com a guerra fratricida nos Balcãs é assim no nosso país.

As medidas de contenção, o afã desbragado de reduzir despesas a todo o custo, invariavelmente à custa dos que não têm nem voz nem poder para se insurgir duramente contra tal, estão a resultar numa verdadeira “limpeza” dos mais fracos, dos doentes, dos incapazes. Daqueles que a nossa Constituição e o Estado Social tem obrigação de acolher, proteger, cuidar.



Não, não é exagero! Não se trata de genocídio, está bem de ver. Mas não deixa de ser uma “ limpeza de pesos mortos” à nossa medida .



As medidas de contenção na saúde são cruéis e criminosas por todos os motivos óbvios e mais o facto de se dirigirem e punirem sobretudo cidadãos fragilizados por duas das maiores pragas mortais dos tempos modernos: o cancro e a sida.

Já não me fazem rir nem sequer sorrir os comentários e as declarações de que todos os tratamentos estão a ser prestados independentemente da contenção assumida. Agora é a raiva que me faz gritar porque sei de fonte infelizmente directa que é MENTIRA!!



O caso conta-se em meia dúzia de linhas e resume uma condenação à morte.

Uma mulher de 54 anos foi diagnosticado, já tardiamente, um cancro com metástases um pouco por todos os órgãos.

Encaminhada para o IPO relutantemente ( insisto na palavra: relutantemente!) foram-lhe feitos exames: biopsia, tac… e mandada para casa mediacada com… Brufen e Mesolide ( para quem não saiba é um genérico do tipo Bem-U-Ron ou coisa que o valha. O que normalmente tomamos quando temos uma enxaqueca ou o principio dum resfriado).

As dores são insuportáveis, as hemorragias constantes e aquela mulher QUE DESCONTOU PARA O SISTEMA NACIONAL DE SAÙDE!!!! é mantida em casa sem qualquer decisão ou tratamento. A aguardar pelo inevitável. Explicação do IPO: não têm nada a oferecer e como tal….

Nada a oferecer??? Não se trata de oferecer!! Trata-se de retribuir o que durante uma vida de trabalho foi retirado pelo Estado que agora cruza os braços e se declara impotente!

Não há um medicamento para as dores mais forte que a aspirina, não? Não há nada para conferir a esta cidadã deste nosso país , alguma qualidade de vida?

Estamos condenados a uma morte lenta, quando o Estado entende que somos peso morto, despesa pública, número descartável nas estatísticas?!

Foi aqui que chegámos?! É isto que queremos?!

Façam-se já campos de concentração! Utilize-se o Campo Pequeno como redondel de morte para os desvalidos. Ao menos assim não restarão dúvidas da hipocrisia dos dirigentes que fizeram da política social uma gestão de mercearia. Ou melhor de talho!







sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O FIM DAS PALAVRAS.









Digamos que me têm faltado as palavras!!

Primeiro ainda pensei que era resultado da silly season e que a coisa amainaria na rentrée.

Dei-me até ao luxo de ter alguma esperança com a posição do BCE que, finalmente e antes que a coisa batesse à porta do pelotão da frente, decidiu tomar uma posição perante o descalabro da U.E.

Sou muito ingénua, só pode!!

Estava bem de ver que aqui o nosso ultraliberal, que cada vez tem um ar mais salazarista ( não acham que assim de perfil vai-lhe dando uns ares?) não podia abdicar do rumo de austeridade, bem na senda do “ pequeninos, pobrezinhos mas honestos! A gente pediu e paga. Mesmo com língua de palmo”!

E não podia por duas razões: uma por pura teimosia, através da qual, está certo que se irá “ da lei da morte libertando” e passará aos manuais da História. Resta saber com que cognome…

Outra porque há faturas a pagar a quem, mesmo contra correntes internas do partido que o apoiou, o fez chegar a PM. Sim, porque um homem que nunca serviu para deputado, para conseguir chegar a Primeiro Ministro teve que comprar muitos futuros jobs e endividar-se de promessas aos boys.

Nunca, mas nunca, se viu tamanha dança de cadeiras!! Nunca! Nem nos tempos mais loucos do governo Sócrates. Note-se que digo “ governo Sócrates “ e não governo PS.

O meu PS, o nosso PS , é aquele que não obstaculizou os acordos e que honrou os compromissos enquanto se afiguraram razoáveis, porque jamais negou o seu passado nem o escamoteou. Levou até um pouco longe de mais esta posição de conciliação que muitos não entenderam mas que, agora, na hora certa diz BASTA! recusando-se a votar a favor deste desmando insano que é o Orçamento de Estado.



Porque já não tenho palavras e todas as que arremessei se transformaram em bolas de sabão, amanhã estarei na manifestação, exigindo a minha dignidade, a dignidade deste meu país, de volta!!

Acabemos com as palavras!

A única que poderá prevalecer é AÇÂO!!!







quarta-feira, 1 de agosto de 2012

VIROU!!!!...






O povo diz, na sua reconhecida sabedoria , que quem tem telhados de vidro não atira pedras.


Vivemos porém numa época de tal sobranceria e auto convencimento, que julgamos esses adágios coisas do passado, relíquias de tempos onde cada um olhava para o seu próprio umbigo antes de falar do buraco na barriga do parceiro.

Se não me atraiçoa a memória, a célebre expressão “ Jobs for the boys” surgiu com letra laranja num ataque ao que afirmavam ser o clientelismo do Partido Socialista.

Mas tal como no caso do diploma do ex.primeiro ministro que, muito embora tivesse feito um exame ao Domingo , ao que parece os restantes eram de bona fide se bem que lhe concedessem um título menor, em que pedra acabou por cair no próprio telhado estilhaçando-o, também nesta coisa dos jobs e dos boys bem pode o PSD fazer acto de contrição!!

Nunca, e repito NUNCA, como hoje se viram substituições de chefias com base no cartão partidário ou no pagamento do almoço que, como também é de sabedoria popular, nunca é grátis.

Dum momento para o outro assiste-se a uma dança de cadeiras tão alucinante, que mais parecem acometidas da doença da dança de S. Vito!! Pouco importa o carácter técnico de quem substitui ou de quem é substituído! O que vigora mesmo é o alinhamento partidário.

O caso não se limita aos cargos ditos de confiança política ( essa é outra que alguém há-de um dia explicar-me!!). Os favores a pagar são demasiados e esse tipo de cargo não chega. Então não há que ver: toca a substituir sem rei nem roque, desde Directores, Subdirectores, Chefes de Departamento de Secção e estou em crer que Contínuos. Tudo raso, tudo substituído!!

Pouco importa que dessa forma se desmembrem equipas , se ponha em causa trabalho de anos e até instituições. O que é importante é pagar a dívida do seguidismo partidário!

Quando o Sr. Capelão das Forças Armadas D. Januário Torgal Ferreira clamou da nudeza do rei na praça pública foi um “ Deus nos acuda” de insurgimentos, de reiteradas inocências e clamores de indignação!

Mas a realidade tal como o azeite, é bem mais densa que qualquer falsa inocência.

E quando o Exmo. Sr. Primeiro Ministro exclama “que se lixem as eleições o que importa é o Pai”s tem toda a razão: O aparelho económico de Portugal já está tomado, por saque pós-eleitorar.

Agora a vontade do povo que se lixe mesmo!!



sexta-feira, 27 de julho de 2012

ORGULHO LUSO




Ainda no rescaldo do caso Relvas e de todo o anedotário, revolta e descrédito associados, fui ontem visitar um campus universitário.

Relativamente pequeno em termos do número de faculdades ( uma de Ciências Humanas e Sociais e outra de Ciências da Saúde ) é no entanto um imenso complexo de valências várias, integradas, organizadas e voltadas para a comunidade interna e externa.



Os edifícios principais onde se agrupam os serviços académicos , reitorias, gabinetes vários, são jóias do sec XVIII, recuperadas com o respeito devido ao belo mas funcionais. A Arte Nova em todo o seu esplendor, não pesa a quem trabalha rodeada de beleza.

Os edifícios adjacentes de traça moderna, são resultado do trabalho do curso de arquitectura ali ministrado e enquadram-se, sem qualquer “ choque” no conjunto.

O campus compreende três bibliotecas, uma por cada núcleo e área científica. Assim no corpo principal vamos encontrar, ao lado da cafetaria e do anfiteatro ao ar livre, a biblioteca de Ciências Sociais e Humanidades. Na Faculdade de Ciências da Saúde a biblioteca temática é ligeiramente menor. No Edifício das Clínicas está instalada a mais pequena das três mas que tem capacidade para setenta alunos e um espólio documental temático de várias centenas de livros para além do acesso directo e gratuito wireless ou por cabo, a bibliotecas virtuais.

O edifício principal alberga um Anfiteatro principal com 330 lugares onde a acústica pede meças à maior parte das salas de espectáculos .

Toda a universidade está voltada para a prática e como tal não faltam os estúdios de fotografia, televisão e rádio, uma mini agência de publicidade, uma redacção para apoio ao curso de Ciências de Comunicação. Mas os trabalhos não se querem meramente académicos e por isso todos eles têm uma finalidade concreta, seja a emissão de aulas à distância, algumas delas interactivas, seja a concepção e edição de livros, folhetos e cartazes necessários ao funcionamento da instituição, numa economia de escala que funciona como um relógio suíço!

Na Faculdade de Ciências da Saúde existem duas clínicas dentárias com serviço aberto ao público a preços módicos e com uma capacidade de atendimento de 80 pacientes ao mesmo tempo. A isto chama-se serviço público!!

Mas não tema quem ali recorre!!! Antes de actuarem na boca dos pacientes, os alunos são treinados em modelos altamente exactos.

Aliás estes modelos são constantes em todas as aulas práticas da área da saúde. Assim entrámos numa “enfermaria” onde em camas se encontram os “pacientes” sete ao todo, com diferentes “ idades” desde o recém-nascido até ao idoso. Todos os modelos têm nome, já que o trato humano também se aprende e aqui é-lhe dada uma grande importância.

Os laboratórios abundam, cada um com a sua valência especifica e equipados com o melhor da tecnologia.

No edifício das clínicas funciona o jardim escola para os filhos dos funcionários , professores e alunos. Um lugar aprazível com um jardim interno que quase nos faz desejar retornar à infância. O ginásio é um espaço polivalente onde se conjugam aulas práticas e onde o universo do campus pode fazer a sua ginástica .

Não vou falar da piscina, ou dos aparelhos para fisioterapia . Tão pouco vou referir as salas de apoio /consulta de psicologia, terapia de fala etc que funcionam não só como prática académica mas , com a noção clara e abrangente de ESCOLA, como serviço público fornecendo à comunidade envolvente um serviço onde as taxas moderadoras não se inflacionam. Até os fármacos do tipo aspirina e vitaminas fabricados nos laboratórios de farmácia, são depois distribuídos pelos bairros sociais.

É um belo campus, sim onde a palavra UNIVERSIDADE mantém o seu valor grandioso, longe dos holofotes da media e dos escândalos.
Ah, pensavam que era nalgum país do Norte da Europa? Nos Estados Unidos? Não meus caros! É no Porto e leva o nome do homem que dizia que faltava cumprir-se Portugal.

Ali, porém, tenta-se!



segunda-feira, 9 de julho de 2012

À ABORDAGEM!!!!!!!!!!!!!!!




Já não sei se o País endoidou de vez ou se de facto fomos abalroados por um bando de piratas, cujo fito único é o saque por qualquer meio!!

O Tribunal Constitucional contribuiu neste final da semana, para o triste anedotário nacional, com uma decisão de mercearia que não prestigia nem a instituição nem os seus membros e que nos deixa muito mais desconfortáveis e desprotegidos.

Há muito que deixámos de confiar nos nossos dirigentes qual deles mais desonesto. Agora vem o Tribunal Constitucional, que deveria ser o bastião último da decência e da lei, emitir um parecer que levanta uma dúvida abominável: será que este órgão é, realmente, independente?

É que de facto, e aí o Professor Marcelo concorda comigo, o TC acabou por legitimar qualquer atitude de austeridade por parte do Governo.

E fá-lo duma forma altamente inteligente ( ou não fosse composto por, crê-se!, alguns altos juristas da nossa praça) .

Por um lado conquista a franja de Opinião Pública composta pelos funcionários públicos e pensionistas, acenando-lhes com uma nebulosa possibilidade de, para o próximo ano, com sorte, terem mais alguns euros no bolso. Sim, porque , muito embora declare inconstitucional os cortes dos subsídios, para este ano… o que lá vai, lá vai.

Por outro, abre a porta ao Governo, que se via já a braços com a dificuldade para “presentear” os portugueses com novas medidas de austeridade, a fazê-lo “ coagido” pelo TC.

Duas questões se levantam desde logo:

1º Ao que sei um acto inconstitucional , “não prescreve” , ou seja é-o sempre e TEM que ser corrigido. Ora muito embora compreenda que não exista espaço de manobra para a reposição dos subsídios ( e já agora ninguém fala dos 10% de corte porquê? É constitucional? ) de imediato, o facto de ter sido considerado inconstitucional implica uma correcção do acto. Quando é que o Governo vai repor a situação?

2º O que é que não é constitucional: o corte nos subsídios ou o facto destes cortes se terem limitado à Função Pública? E neste último caso como é que pode ser constitucional um Governo impor a um privado uma gestão de recursos humanos?

Nada disto está claro e não o está deliberadamente o que nos deve assustar. Aliás a forma como foi divulgada a decisão foi, no mínimo nebulosa.

Evidentemente que o TC sendo um órgão constituído por elementos designados pelos partidos políticos , a promiscuidade espreita.

Razão tinha o José Saramago quando falava da Jangada de Pedra. Só que nesta altura a jangada é de madeira carcomida e o timoneiro usa pala e tem uma perna de pau.

Ah e leva um papagaio no ombro, com um enorme penacho em forma de canudo.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

ESPLENDOR SOBRE O RELVAS

Lula da Silva, quando foi empossado como presidente do Brasil, disse ser a primeira vez que obtinha um título. Nunca escondeu as suas, praticamente inexistentes , habilitações. Foi um grande presidente!


O exercício da política e da governação não exige um diploma, ao contrário doutras profissões. Exactamente porque não é uma profissão ou melhor, não deveria ser.

A política tornou-se profissão quando surgiram as “Jotas” que embora tenham sido criadas para formarem espírito crítico e político, transformaram-se em centrais de emprego, para quem não sabia fazer mais nada. Que me perdoem as honrosas mas raras excepções. Mas estas sabem perfeitamente que tenho razão!

E como este é um país de doutores , engenheiros , arquitectos, o canudito faz sempre jeito. Sim, que não fica bem chamar o Sr. Ministro de Álvaro e muito menos de Relvas. Cai-nos mal ao ouvido!

Os espanhóis resolveram a questão com o “dom” e os brasileiros tratam todos de “ dotôr” e a questão do título fica resolvida.

Por cá temos pruridos em chamar, ou intitularmo-nos Sr. ou Sr.ª sem mais. É assim uma despromoção social!

O caso Relvas, que tem feito correr tinta, não é o primeiro nem será seguramente o último. Pouco se me dá que o senhor seja doutor, engenheiro, arquitecto, ferroviário ou taxista. Já o facto de ser mentiroso e arvorar-se de virgem pudica, o de usar do seu poder para ameaçar e chantagear profissionais que, de certo fizeram transparentemente e com custo o seu percurso, ah isso sim não admito e creio que a todos nos deve indignar

Este era o homem que gritava que o rei ia nu aquando do caso Sócrates. Tinha razão , mas esqueceu-se que também ele levava as pudendas à mostra!

Este foi o homem que vociferava contra a promiscuidade entre o governo PS e a Comunicação Social, que se exaltou com o caso Manuela Moura Guedes , mas que quando acossado não se coibiu de telefonar para uma jornalista das suas relações, ameaçando-a publicar dados da sua vida pessoal.

Este é o governante que temos! E o problema é que não é filho único de mãe solteira!

Dizia-me ontem um amigo, que o facto de o sr ( doutor , engenheiro, arquitecto, risque-se o que não interessar) Miguel Relvas ter declarado ser algo que efectivamente não era quando tomou posse ainda como deputado, não é crime, uma vez que se trata apenas duma declaração que não carece de comprovativo. Pois sim! Mas há a LEI e a MORAL e quer por uma quer por outra a atitude deve ser punida, uma vez que foram prestadas falsas declarações.

Qualquer um de nós, mero cidadão anónimo, tem que provar o que afirma. Outrotanto não se exige em quem nos governa?

Não me importo de ser governada por um estivador. Desde que honesto, trabalhador e com uma estratégia para o país. Não aceito ser governada por mentirosos que nunca fizeram nada de útil a não ser utilizarem os partidos como trampolim para altos cargos nos quais só fizeram trampa. Por isso é que este País está neste atoleiro! Porque quem nos governa são os medrosos merdosos da nossa praça , que investem de cabeça contra quem lhes possa fazer frente.



segunda-feira, 2 de julho de 2012

PROFESSOR ALBÉRICO








Todos nós tivemos professores que nos marcaram, uns pela positiva outros nem por isso. De vez em quando vêm-nos à memória e os sentimentos que experimentámos ás suas mãos - medo, ternura, felicidade - fazem-nos sorrir.

Hoje o meu sentimento é de vazio pela morte dum homem que, embora não me fosse muito querido ( era professor de Matemática!!) era uma referência no liceu onde andei e na cidade onde vivi.

Chamava-se Albérico e nunca ninguém o tratou por doutor ou Sotôr. Ele era o professor Albérico e com o título ia o respeito de todos os que, directa ou indirectamente, com ele contactavam.

De uma inteligência francamente fora do comum, formou centenas de alunos e conseguiu o milagre de fazer com que alguns deixassem de odiar os números e fossem hoje grandes homens em áreas de engenharia. Não foi o meu caso. Aliás lembro-me do ar dele, bata imaculadamente branca ( sim ele sempre usou bata branca) aberta escorregando dos ombros , dizer-me com ar pesaroso:

- Ai filha tão inteligente para umas coisas e tão burrinha para outras!! Sendo que as outras, está bem de ver, eram as equações e quejandos que não me entravam nem á lei da bala. Não via beleza nenhuma naquilo!!

- A Matemática é a ciência mais bela que existe porque não depende da vontade nem da força dos homens.

Pois sim abelha!

Não obstante sempre gostei dele. A sua figura muito direita, seca de carnes, com a sua boina basca, o seu passo firme e o seu ar austero,o professor Albérico era uma referência em Oliveira de Azeméis.

Por trás daquele ar que intimidava estava porém um homem com um coração doce e terno. Sim sim, bem sei que muitos que me possam ler e que o tenham conhecido dirão que é bondade de obituário. Lamento mas não é. Foi preciso que ele se jubilasse e outros laços se estabelecessem para que eu o conhecer. Marido , pai e avô completamente dedicado, o Professor Albérico era a antítese do homem que em plena sala de aula ameaçava ( sem nunca, mas nunca cumprir nem sequer no tempo da "outra senhora!"):

- Começo a apanhar milho por aqui fora e vai tudo a eito!! - e exemplificava com os dois braços batendo dum lado e doutro.

Exasperava-o a inaptidão para os números. Não a entendia!

- Vocês parecem aquele tipo que começou a arrancar as árvores uma a uma à espera de encontrar a raiz quadrada, caramba!!!

O Professor Albérico morreu. Um acidente estúpido tirou-lhe a vida juntamente com a mulher quando regressavam a casa.

Dele fica, para os que o conheciam., a imagem dum homem íntegro, bata branca escorregando dos ombros magros, boina basca na cabeça onde os números pintavam as mais belas imagens.

Meu querido professor, ainda hoje não sei fazer equações e Pi é apenas um som, mas se falhou na sua missão de fazer de mim amante de números, conseguiu fazer-me amar os homens.

Grata e até sempre!

quarta-feira, 27 de junho de 2012

SINAIS

As minhas viagens de ida e volta para o trabalho têm como “ pendura” a TSF.

Como diz o spot “ É a vida. Todos temos as nossas preferências!” e a minha é ouvir os blocos de notícias logo pela manhã.

Acontece que à hora em que ainda estou no meio do trânsito, acabo sempre por ouvir aquilo que é o outro lado da vida, contada pelo Fernando Alves.

Nem sempre é o bright side, mas é um olhar completamente que, mesmo neste lufa lufa que é o nosso quotidiano, nos faz pensar, por vezes sorrir e não raras vezes agradecer pela vida.

Num panorama jornalístico deprimente, cheio de escandaleiras, desgraças, tristezas e faits divers que mais parecem conversas de soalheiro, o” Sinais” é uma lufada de ar fresco, é uma pintura falada, feita de realidades tão variadas como as múltiplas vidas de que é feito este Mundo.

É disso que o Fernando Alves fala: das vidas, das pessoas, dos locais e dos cheiros, das memórias, numa linguagem que sem ser floreada é bela como um poema, transformando o discurso radiofónico, seco, conciso e árido por natureza, numa peça do mais brilhante jornalismo.

Há de tudo neste Sinais. Há a NOTÍCIA, com maiúsculas, o assunto que interessa, que tem conteúdo, que desperta, que lança a polémica ou que faz reflectir. Mas há também o carácter humano, o cunho do autêntico, por vezes do aparentemente simples, que cria no ouvinte uma empatia, como se aquela pudesse ser a sua própria história.

Todos os dias me sinto um pouco mais enriquecida depois de ouvir o Fernando Alves. Esse é para mim o verdadeiro serviço público da rádio.

“Sinais” é uma rubrica que deveria ser editada em livro, para folhear uma e outra vez.

Para quando Fernando Alves?

segunda-feira, 18 de junho de 2012

VESTIR A CAMISOLA









Um interregno enorme, porque a catadupa de acontecimentos , noticias e escândalos são de forma a deixar qualquer um tonto e perdido.


Para onde quer que se olhe o papão da crise assalta-nos literalmente deixando-nos exangues e sem vontade.

O que nos vale é o futebol para elevar a moral .

Embora sejamos um povo com costumes brandos, o que quer dizer que vamos cozinhando a nossa revolta em lume brando, já se aspira no ar ventos de mudança.

É um ar que assola a Europa como um todo e que começou com a queda do eixo Merkelzy, propagou-se à Espanha e reacendeu-se na Grécia.

A subida ao poder francês de François Hollande é pronuncio de uma viragem no paradigma europeu, fazendo-o transitar da ditadura dos mercados que quase inviabilizam a continuidade da EU, de novo para os cidadãos.

A recusa da Espanha em aceitar um resgate retomando a ideia da emissão de eurobonds e o braço de ferro da Grécia aliados a uma França que já não alinha cegamente no eixo germânico, dá –nos a luz ao fundo do túnel onde a Europa tinha mergulhado.

A vaga de fundo chega de mansinho a Portugal. As últimas sondagens mostram claramente o descontentamento dos portugueses, que dão uma clara vantagem ao maior partido da oposição, nas suas intenções de voto.

Tardiamente ( mas como diz o povo sábio” mais vale tarde do que nunca”) os portugueses aperceberam-se que o Novo Ciclo de António José Seguro era, exactamente isso: uma nova forma de fazer política, um corte com o passado sem o enjeitar, negar ou esconder, mas com uma firme vontade de seguir em frente por outro caminho.

Este último fim de semana foi palco de duas grandes vitórias: a do orgulho português em campo e a da renovação do PS Porto.

Uma nada tem a ver com a outra, naturalmente. Mas ambas são de saudar, já que representam cada uma na sua área, o renascer da esperança.

Em termos políticos e aos poucos mas firmemente, vão sendo deixados para trás os barões e baronetes, introduzindo no plano partidário do Partido Socialista uma forma diferente de fazer e estar na política. Uma forma clara, objectiva, com forte sentido do interesse nacional, com uma ideia clara e não submissa da política europeia.

José Luís Carneiro ganhou a Federão do PS no Porto. Dele se espera a consolidação e a afirmação do Norte, das suas especificidades, das suas vantagens e da sua força junto do poder central. Nele estão postos os olhares dos militantes socialistas, não apenas da região Norte mas todos os que acreditam que Portugal é um país viável e não este abismo, este vale de lágrimas e de sacrifícios, apregoado pelo governo.

Um governo que não veste a camisola do País nunca se poderá impor na Europa.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

JORNALISTA PRESSIONANDO RELVAS: REVOLTA EM MARCHA






Embora nos tenham tirado a tolerância da Terça Feira de Carnaval, tentando tornar –nos mais taciturnos, tristes e infelizes o que é certo é que continuamos a ser um país que consegue rir de si próprio. Mas é sempre um riso amarelo, meio deprimido, na linha invertida de “ quem não pode rir chora!”


Rimos das nossas misérias, dos escândalos dos nossos políticos, da morosidade e das sentenças da nossa justiça…Rimos das pantominices que nos impigem como entretenimento, rimos da nossa falta de sorte, da nossa pequenez… Rimos realmente porque já não sabemos chorar.

É talvez porque levamos a vida neste riso desconsolado, que nos adaptamos aos costumes brandos que nos limitam a revolta. Se saímos à rua em manifestação fazemo-lo de forma tímida e contida, sem confrontos nem muita expressão. E se calha estar sol, bom tempo, bem que trocamos a contestação por uma boa tostadela na praia!

Não há escândalo que não dê uma boa anedota!

O caso Relvas é paradigmático disto mesmo, agravado com uma amnésia apropriadamente selectiva, que o leva a não recordar datas de almoços ou reuniões mas que não o deixa esquecer pormenores da vida pessoal deste ou daquele.

Aqui entre nós tenho bem mais medo deste senhor que tem um computador na cabeça do que qual outro que possua documentos , mesmo que sigilosos, numa pen, disco rígido , ipad, portátil, telemóvel e tuttiquanti.

Um ministro que tutela a pasta que abrange a Comunicação Social e que se permite exercer a mais descarada censura ao ameaçar a vida particular duma jornalista caso esta exerça o seu ofício, não tem condições nenhumas para continuar no governo!!

Disse-o e escrevi-o : qualquer figura pública tem que seguir a máxima da mulher de César, à qual não basta ser séria, é preciso parecê-lo.

Depois de tantos esqueletos saindo dos armários de S. Bento, já ninguém confia na inocência, manchada por uma atitude suspeita .

Podemos gostar de rir , sim , mas desengane-se quem nos toma por palhaços! Mesmo que tristes!!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

300 VERSÃO 2012

Vá lá saber-se porquê neste fim de semana vi, uma vez mais ( em verdade pela primeira na totalidade já que da outra vez apanhei o filme a meio) o “300”.


Premonitório, não?



A saída da Grécia do espaço Euro, era previsível e tornou-se inevitável após as últimas eleições que deixaram o país sem governo .

Ora a Grécia não é a Bélgica que durante mais dum ano esteve com um governo de gestão sem que tal fizesse a mínima mossa , nem interna nem externamente.

Mas ninguém pode negar que os gregos são duros de roer e que entre dobrar e quebrar… estoiram!!

Não é por nada mas tenho –lhes uma certa admiração! Não andam cá com paninhos quentes… ou é ou não é !

O povo grego que deu à humanidade a noção de democracia, dá agora à Europa uma lição de soberania.

Para muitos trata-se dum suicídio . Para outros, possivelmente mais ingénuos e utópicos, a saída inevitável da Grécia do jugo do mercado único , é um grito de rebeldia.

Uma rebeldia temida pelo efeito dominó que pode suscitar dentro duma Europa que se vergou aos mercados e à economia especulativa, esquecendo a solidariedade para que estava destinada..

Por cá a expectativa mantém-se, com os nossos governantes na sua senda de bons alunos a tentarem demonstrar quão diferentes são dos gregos. Infelizmente, diria. Porque mesmo que a história do “ 300” se repita duma coisa estou certa: A Grécia cairá, orgulhosamente, de pé.

E mais vale morrer de pé que viver toda a vida de cócoras!

terça-feira, 8 de maio de 2012

A EUROPA JÁ ESTÁ A ARDER ???


O meu coração sempre bateu à esquerda, tal como o de Jacques Séguéla no célebre slogan da campanha de Mitterrand   As razões são várias, mas, como quase todos os pensamentos mesmo os maiores, podem-se sintetizar neste pensamento singelo: a igualdade de direitos e deveres que a todos assiste tem que ser mantida na maior liberdade e respeito pelo individuo e pelo colectivo.

Devia pois sentir-me no mínimo radiante com o volte face acontecido no passado fim de semana nas eleições francesas, tendência que, ao que tudo indica, se irá alargar ao espaço  eleitoral europeu.

Acontece que não consigo deixar de pensar que talvez tenha sido tarde demais, que uma Europa a 27 não encontra facilmente um caminho unitário e coeso, que o monstro foi criado e agora dificilmente se poderá controlar.

A busca dum rumo para esta Europa que cresceu rápido demais e com uma visão excessivamente economicista e liberal, não é de agora. A inexistência de líderes com horizontes políticos alargados, com estratégias definidas e autónomas dos mercados, em suma, a falta de estadistas na mais ampla acessão da palavra, conduziu a Europa a um deserto de ideais onde começa a ser penoso viver. E quando a vida se torna insustentável, tudo é possível e isso é assustador!

Os cidadãos europeus disseram NÃO a uma política que endeusou os mercados e a eles se vergou sem ter em conta as pessoas. Puniram, inequivocamente, os arautos da austeridade que em prol de interesses tão difusos e externos ao indivíduo, reduziram a política  a uma mera gestão da coisa pública , que não teve em conta o cerne de qualquer governo : as pessoas.

Os lideres desta Europa cometeram um erro de casting ao assumirem que a maioria dos europeus se submeteria ao paternalismo déspota  que lhe quiseram impor. Enganaram-se e esse é um engano que nos pode sair a todos muito caro!!

O meu coração sempre bateu à esquerda. Por várias razões que se podem sintetizar neste pensamento singelo: a igualdade de direitos e deveres que a todos assiste tem que ser mantida na maior liberdade e respeito pelo individuo e pelo colectivo. Devia pois sentir-me no mínimo radiante com o volte face acontecido no passado fim de semana. Acontece que não consigo deixar de pensar que talvez tenha sido tarde demais, que uma Europa a 27 não encontra facilmente um caminho unitário e coeso, que o monstro foi criado e agora dificilmente se poderá controlar.

François Hollande tem um fardo enorme sobre os ombros! Herda um casamento político do qual, dificilmente sairá impune. É da História que das alianças Franco- Germânicas nunca surgiu nada de bom. Que acontecerá agora que um dos interlocutores foi substituído? Terá a França a força suficiente para controlar a hegemonia germânica que já se começava a desenhar?

Da Grécia não falemos, pois que pouco ou nada há a dizer. A revolta das ruas transposta para as  urnas chega, claramente, tarde demais ao poder. Agora aos helénicos resta apenas o caminho da ruptura e esta pode ser o rastilho que incendeie toda a União que nunca esteve tão desunida nem tão fragmentada.

E todos estudámos o que uma tal fragmentação traz consigo!

Por isso é que hoje, já no rescaldo dos resultados, passada a euforia de uns e secas as lágrimas de outros, é tempo de nos perguntarmos – todo!- s se queremos ver arder esta Europa que tanto custou a construir.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

LAPSUS LINGUAE OU AMÊNDOA AMARGA





Páscoa, ensinaram-me em pequena, significa passagem , renovação, renascimento.

Se há algo de que hoje a Europa em geral e Portugal de maneira muito particular, precisa , é de renovação, de novas políticas, duma nova forma de estar e fazer política, dum olhar novo sobre o que significa governar e duma nova perspectiva do lugar do estado na sociedade.

A Europa tornou-se num espaço estéril de valores e de consciência social.
Portugal deixou de ser o jardim plantado à beira mar ,para ser um pântano fervilhante de crocodilos que abocanham o que podem e outros répteis , rastejando por entre a lama .
As amêndoas desta Páscoa foram amargas e nem sequer tiveram a roupagem da lusitana “ amarguinha” . Foram assim à bruta , deixando nos que ainda tinham dúvidas, a noção clara de que tínhamos saltado da frigideira para o fogo , em tradução livre mas bem a propósito, do velho adágio britânico.
O Partido Socialista viveu nos últimos tempos , um dos mais negros períodos da sua história. Esquecido, ele também, dos velhos valores pelos quais se pautava, deixou que emergissem figuras que em nada dignificaram nem a vida política nem o Partido que, por definição, se deveria pautar pela solidariedade e por uma moral social.
Não adianta escamotear ou esquecer. Foi assim! O eleitorado testemunhou e puniu. E bem!
Decidiu que estava na hora de mudar e deu ao PSD e ao seu líder Pedro Passos Coelho a possibilidade de restaurar a dignidade nacional e o equilíbrio social e económico. Iludiu-se com palavras de honestidade, seriedade, lisura e transparência, com que PPC o eterno relegado pelos seus pares, se apresentava , contra ventos e marés internos, aos portugueses. Dentro do PSD conheciam-no bem! Sabiam das suas ideias ultra liberais e da sua sofreguidão pelo poder. E foi esse afã que o próprio partido utilizou, sabendo que aos olhos dos eleitores, passos Coelho apresentava-se sem mácula já que nunca tivera palco para poder mostrar o ( pouco ) que valia. Como tal deixou-o ir.
Agora, passados estes longos meses de governo ultra liberal, refém voluntário e pactuante duma troika bizarra que ninguém sabe ao serviço de quem está ( ou melhor- sabe: está ao serviço do capital internacional sem rosto e sem responsabilidades sociais!) , os portugueses começam a entender que tudo não passou duma encenação cujo único objectivo foi tomar de assalto o poder a todo o custo.
Não conheço sequer os contornos do PEC IV que, ao que se sabe, teria sido aceite internacionalmente. Mas “aqui d’el rei” que o país tinha sido ultrapassado , nas pessoas de sua Ex.ª o Sr. Presidente da República e do Parlamento, que não tiveram conhecimento antecipado e como tal não aceitaram, linearmente, uma solução que poderia ser muito boa ( ou não. Jamais se saberá) mas que subvertera a hierarquia das instituições.
Governo abaixo e porta aberta para alguém que, noutras circunstâncias, nunca seria primeiro ministro dum país democrático.
O resultado está á vista, culminando nesta Páscoa, tempo de renovação e de verdade, com o lapsus lingae do Ministro das Finanças. Logo ele que faz questão de tão bem articular as palavras, cadenciando-as como se estivesse a falar para diminuídos auditivos ou mentais e – azar doa azares- entaramelou-se em relação às datas!! Afinal os cortes nos subsídios de Natal e de Férias não eram até 2013 mas sim até 2015. Coisa pouca!! E depois serão repostos faseadamente…
Quer dizer, não contente em assobiar para o ar em relação aos cortes feitos nos vencimentos da função pública ( que em muitos casos foi de 10%!!) inicialmente, apenas temporários, vem agora dizer que se tratou dum lapso a informação da reposição dos subsídios em 2014!! Se isto não é mentira e má fé não sei o que chamar-lhe!!
Talvez incompetência pura, uma vez que tudo o que se consegue com tais medidas, é uma recessão com que alguém se irá haver mais tarde . As medidas deste governo apenas visam o imediato, preparando um futuro longínquo. Não é um contra censo, É um estratégia de baixa política
Duras como são, não restam dúvidas que penalizarão o governo no poder.
O Partido Socialista será chamado novamente á governação e deparar-se-à com uma economia completamente destruída, uma completa submissão a políticas externas, um espartilho que não o deixará pôr em prática quaisquer medidas alternativas.
Mas entretanto a conjuntura internacional alterar-se-á. Com sorte para melhor. E é com este horizonte que PPC e os seus rapazes contam! Neste momento estão a governar para perderem as próximas legislativas. Para se vitimizarem e colocarem nas mãos de outrem a criança com a fralda cheia!
Entretanto vão rezando para que as coisas mudem. Para que a Europa volte a dar leite e para que possam novamente voltarem à mama lá para 2020.
Isto é o que eu chamo governar a longo prazo e com vistas largas!!

quarta-feira, 28 de março de 2012

PORTO E TÓNICA





A primeira vez que atravessei a ponte da Arrábida vinda do Sul com intenção de me radicar no Porto, fartei-me de chorar!
A cidade era escura, pesada, deprimente, ainda para mais num dia cinzento com o qual me deu as boas vindas.
Não foi fácil adaptar-me! Há um bairrismo muito próprio nesta cidade ( não é por acaso que o FCP é o que é!) e entrar no circuito é tarefa árdua e nem sempre bem sucedida.

Passados que são dez anos, foi com um a enorme alegria que soube ontem ter sido a minha cidade adoptiva – este Porto – escolhida como o melhor destino de férias!
É que o Porto é como a Tónica Schwepps : aprende-se a gostar e depois torna-nos irremediavelmente dependentes.
O Porto não é apenas o centro histórico, a Foz, a Ribeira ou Serralves!
O Porto é, toda ela, uma cidade viva graças a um esforço de recuperação das velhas casas , que tem evitado o despovoamento da zona central.
O Porto são pequenos recantos, velhos estabelecimentos reconvertidos em bares, restaurantes, galerias. São jardins de bairro onde ainda brincam crianças. São lojas onde as pessoas são tratadas pelo nome. São ruas labirínticas, estreitinhas que nos convidam à aventura e à descoberta. São as igrejas magnificas, os cafés românticos e o velho Piolho, os cemitérios monumentais e a imponente Avenida dos Aliados com os seus edifícios plenos de patine que o tempo não deteriorou.
O Porto são as salas de espectáculo que têm vindo a ganhar vida a cada ano que passa, é o frenesim e a animação do S. João.
É a Rua Miguel Bombarda com as suas múltiplas galerias de arte que uma vez por mês fazem vernissagens colectivas e animam aquela zona, tornando cosmopolita, bela louca.
O Porto é a noite animada dos bares, da boa mesa, para todos os gostos para todas as bolsas.
O Porto , que me perdoe o Rui Veloso, não é um “ milhafre ferido na asa”! É antes uma ave rara, mitológica mesmo, quem sabe um enorme dragão, que sobrevoa o Douro!
E se é um facto que a minha cidade será sempre a que me viu nascer, a que me enche de Luz , a minha Lisboa, o Porto é a minha cidade do coração onde aprendi a ser feliz

É bom viver aqui!! É bom que outros partilhem , nem que seja por umas breves férias, esta cidade que “ primeiro se estranha e de pois se entranha! Para sempre!

quarta-feira, 21 de março de 2012

CHOCADOS???!!!







Chocados? Chocados com o massacre na escola judaica em Toulouse??
Bem chocados, sem dúvida!! Toda a violência gratuita ( e toda ela o é quando perpetrada por homens contra homens!) nos deve chocar e indignar, ainda mais quando nela se vêm envolvidas crianças.
Agora o que não podemos é ter a hipocrisia de nos afirmarmos surpreendidos.
Esta é uma reprise dum filme que já vimos outras vezes e que tínhamos jurado não mais querer assistir. Por isso foi criada a Europa Unida como espaço de tolerância, paz e liberdade.
Só que o Homem, ao contrário de outros animais bem menos inteligentes ( ao que se diz) tem uma memória curta e pouco aprende com os erros. Daí que a História seja elíptica e uma e outra vez se voltem a percorrer os mesmos caminhos. Talvez nos iludamos com as decorações e as roupagens com que os tentamos adornar, mas não tenhamos dúvidas: os caminhos são os mesmos e vão dar ao mesmíssimo local!!
Estes ataques não são apenas a expressão do reaparecimento dum anti semitismo primário! São a expressão da crescente intolerância que se vive numa Europa que perdeu os seus princípios e valores. Uma Europa que se escancarou ao Mundo, sem regras ou restrições, pensando ingenuamente que assim daria o exemplo de liberdade e igualdade que apregoava e pretendia. Esqueceu-se que este era um espaço que conseguira, a duras penas e muitas concessões entre as diversas Nações, alcançar uma plataforma cultural mais ou menos uniforme, ultrapassando barreiras históricas e linguísticas.
A abertura incontrolada das fronteiras trouxe numa primeira fase benefícios a esta velha Europa. Mas falhou completamente no que respeita à integração dessas novas culturas, religiões e etnias. Mais: durante algum tempo fê-las prevalecer em termos de direitos , sobre a cultura europeia, sob o pretexto da tolerância. Resultado fomos tolerantes para os que acolhemos e intolerantes para com os europeus. Tudo autorizámos, com tudo pactuámos, a tudo fechámos os olhos, como pais liberais que nenhumas regras impõem aos seus filhos.
Que impressão me fazia ver ( e cheirar, Deus meu!) gente que urinava contra as paredes de monumentos em Paris! Ver mulheres de burka passarem nas passadeiras em Londres sem quase conseguirem ver os carros que acabavam por buzinar para se fazerem notar! Isto sem falar de outras questões tão ou mais graves mas que certamente me dariam o epíteto de xenófoba. Não sou! Pelo menos não me tenho nessa conta! Se em minha casa não se fuma, não tiro o cigarro aos meus convidados! Antes lhes peço que o façam no jardim.
Quando as ondas de algumas insatisfação, mercê da crise, do desemprego, acompanhados com a violência crescente dos ghettos que entretanto se foram alargando, começaram a agitar as águas europeias, houve logo meia dúzia de políticos ( sim sr. Sarkozy é mesmo consigo!! Mas deixe lá que não está sozinho!) que vieram com discursos inflamados com uma clara mensagem de intolerância, contra os imigrantes, sobretudo árabes, magrebinos e africanos.
Esqueceram este lidereszecos( e não sr. Sarkozy, não estou a referir-me à sua altura física! Essa resolve-se com saltos altos. Já a outra…) com que nos temos que haver nesta Europa moribunda, que estávamos já perante uma segunda ou mesma terceira geração de imigrantes, que tinham de completo direito, o estatuto de europeus.
O que não fizemos, o que a Europa não fez, foi torná-los e fazê-los sentirem-se, de facto europeus.
Agora falamos de fechar as portas ao fluxo migratório, transformando a Europa de oportunidades num a Europa fortaleza. É tarde e é contraproducente.
A intolerância já está a sangrar nas ruas. Não tarda reinará a Lei de Talião e todos sabemos onde ela nos levará.
Não tenhamos ilusões: a Europa caminha a passos largos para mais uma guerra. Diferente, está bem de ver. Mas que importa? Como canta o nosso Fausto” por mais que seja santa a guerra é a guerra!”. Que Deus, Alá, Yavé, e todos os deuses do Olimpo tenham compaixão de nós.

sexta-feira, 9 de março de 2012

INSISTE, INSISTE ATÉ AO DISPARATE FINAL!!






Este homem não desiste!!! São umas atrás das outras! Alguém que lhe dê chá! Nem que seja às colheres! Parece que a homeopatia funciona bem nestes casos de falta de memória, mania das grandezas associada ao temor da perseguição.



Não me lembro de nenhum Presidente que tenha conseguido assinaturas para ser destituido! Chave de ouro para um mandato hirribilis. Culminando com esta pérola:















Prefácio do “Presidente da República no livro de intervenções ‘Roteiros VI’” divulgado do site do Presidente da República (escrito de acordo com o novo acordo ortográfico)


A magistratura ativa

Em 9 de março de 2011, iniciei o meu segundo mandato como Presidente da República, na sequência da vitória nas eleições presidenciais de 23 de Janeiro, depois de uma campanha eleitoral bastante dura, sobre a qual este não é ainda o momento de escrever.

Pela quarta vez, numa disputa eleitoral em que pessoalmente me submetia ao julgamento dos meus concidadãos, obtive mais de 50% dos votos. Tratou-se de um gesto de confiança dos Portugueses que muito me honra. Senti, naturalmente, o peso desta responsabilidade histórica. A vitória nas eleições de 2011 teve um sabor especial, que reforçou em mim a admiração profunda e o sentimento de gratidão para com o povo português.

Durante a campanha, o calor humano que senti nas ruas fazia-me esperar a vitória, ciente do sentido de responsabilidade cívica que, nas alturas decisivas, os Portugueses sempre revelaram. Nos momentos de pausa, numa campanha em que percorri oitenta e um concelhos, esboçava aquilo que, caso ganhasse, iria ser o meu discurso de tomada de posse para um segundo mandato como Presidente da República. O discurso deveria corresponder aos compromissos assumidos perante os Portugueses: falar verdade, exercer uma magistratura ativa e apontar com clareza linhas de rumo e caminhos de futuro. Não poderia ser um discurso de ocasião. Teria de ser uma intervenção de fundo que levasse o Governo a reorientar o sentido da sua ação, adotando as políticas adequadas para ultrapassar a crise cujos efeitos dramáticos se tornavam visíveis de dia para dia.

Haveria que mostrar a todos, de uma forma objetiva, que o País se encontrava numa situação de emergência económica, financeira e social para deixar claro que era urgente mudar de rumo. Para chegar a essa conclusão, bastava recorrer aos indicadores oficiais, insuscetíveis de serem desmentidos, e que evidenciavam já, de forma inequívoca, a gravidade da situação que Portugal atravessava: o agravamento do desemprego, a estagnação económica, a insustentabilidade do défice das contas externas e do endividamento para com o estrangeiro, o nível preocupante da dívida do setor público administrativo e empresarial, a escassez de crédito disponível para as empresas, os riscos de pobreza e exclusão social em vastas camadas da população. Eram indicadores oficiais, objetivos, mas que muitos persistiam em ignorar ou dissimular.

Não tinha sido por falta de alertas, feitos em público e em privado, que o Governo não tinha ajustado as suas políticas, de modo a conter o agravamento da situação económica e social do País.

Eu próprio, tendo em vista a preparação da campanha eleitoral, fizera um levantamento dos muitos avisos que havia lançado em diversas intervenções públicas para os riscos que o País estava a correr, além das múltiplas chamadas de atenção que, em privado, transmitira ao Primeiro-Ministro nas audiências de quinta-feira.

Iniciei a campanha tendo feito esse trabalho e reunindo a máxima informação publicamente disponível sobre o estado do País, pois sempre foi meu propósito que a disputa eleitoral me desse a oportunidade de, num debate elevado e informado com os outros concorrentes, alertar os Portugueses para os perigos que corríamos.

No passado, fizera avisos particularmente fortes, chegando mesmo ao limite da terminologia que um Presidente da República pode utilizar no uso da palavra pública. Tal aconteceu, em especial, na Mensagem de Ano Novo de 1 de janeiro de 2010, em que afirmei que “com este aumento da dívida externa e do desemprego, a que se junta o desequilíbrio das contas públicas, podemos caminhar para uma situação explosiva”. A expressão “situação explosiva”, que na altura usei, seria mais tarde recordada por muitos; mas, em janeiro de 2010, foi ignorada pelos decisores políticos.

BASTA! DIA INTERNACIONAL ...





Passou mais um Dia Internacional da Mulher e desta vez após a leitura dum blog algures, não tive coragem par me insurgir ( como faço ano após ano!) contra esta coisa discriminatória que nos coloca no mesmo plano dos “ desgraçadinhos”, dos “ marginalizados” dos esquecidos nos restantes 364/365 dias do ano.
Sim porque isto de haver um dia das mulheres a par dum dia Internacional do Não Fumador, Dia Mundial das Zonas Húmidas(!)Dia Europeu da Vítima, Dia Mundial de Oração pelas Vocações, Dia do Pescador etc etc sempre me causara uma enorme revolta.
Este ano porém foi-me dada outra versão da efeméride : Neste dia comemora-se e presta-se homenagem a todas as mulheres que lutaram pela igualdade (gosto mais da palavra equidade, pois que acho que não somos, de todo, iguais aos homens e nisso reside a beleza da humanidade ), pelo direito ao voto, pela emancipação profissional e pessoal, pela liberdade sexual.
Assim de facto entende-se a comemoração e a todas essas grandes mulheres devemos prestar a nossa homenagem e gratidão.
O que nos deverá colocar outra questão: O que temos feito para seguir essa senda que nos legaram? Onde estão as vozes e os movimentos contra as atrocidades ainda hoje cometidas contra as mulheres que nalgumas sociedades são tratadas abaixo de qualquer animal?
Desenganem-se os que pensam que isso é “ lá fora” ( como se dizia nos anos 60 a propósito da guerra no ultramar que nos matava os nossos jovens às centenas). Aqui no nosso país continuamos a ter uma escandalosa percentagem de mulheres abusadas, batidas, maltratadas, mortas. E sobretudo caladas, remetidas ao silêncio.
Não basta haver leis que servem na sua maioria para tranquilizar consciências! É preciso chegar a essas mulheres, mostrar-lhes a sua dignidade esquecida, fazê-las entender que o círculo de violência pode e deve ser quebrado. Que há que dizer Basta! Primeiro para si mesmas e depois agir.
O fluxo migratório trouxe para Portugal outras culturas, outras religiões e com elas outros estatutos do feminino.
Estas mulheres encontram-se perdidas numa cultura que não é a sua, abandonadas e ignoradas pela nossa sociedade que não se preocupa com práticas tão horrendas e medievais como a excisão, o cativeiro, a violência.
Uma grande maioria não fala uma palavra da nossa língua nem de outra qualquer além da sua. Não conseguem pois fazer-se ouvir. Temem as autoridades e não têm nem família nem amigas. Estão sós e dessa forma ainda mais vulneráveis do que se estivessem nos seus países de origem.
São estas mulheres que clamam por um dia seu! Essa é a tarefa que nos cabe em legado a nós, mulheres libertadas pelo esforço e sacrifícios de outras. Mulheres que têm orgulho em serem diferentes mas iguais na dignidade de seres humanos.
Que o próximo Dia Internacional da Mulher seja realmente um Dia de Equidade de Género e que abranja TODAS as mulheres.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O CARNAVAL JÁ NÃO SÃO DOIS DIAS!

Nunca fui uma boa aluna. Ou melhor : até era. Tirava notas acima da média e tinha uma lata que me fazia acertar ou discorrer sobre qualquer tema mesmo que não fosse bem,bem aquilo. O meu calcanhar de Aquiles era o comportamento: Até entrar na faculdade as minhas contendas eram, não raras vezes resolvidas à estalada . e não havia provocação que ficasse sem resposta, fosse de colegas ou de professores. Resultado: nunca fui considerada boa aluna. Os bons alunos eram pos que estavam quietinhos, calados, nunca partiam nada, nem pregavam partidas, marravam até deitarem fumo pelas orelhas, nunca fumaram antes dos dezoito, nem puseram o pé nas discotecas sem a aprovação relutante da paternidade. Jamais pensaram em sair pela janela para uma noitada e Deus os livrasse de não fazerem tudo by the book !
Deve ser daí que me vem esta aversão ao politicamente correcto e por consequência ao servilismo dos nossos políticos que, desde que o professor sr. Silva se saiu com a frase de Portugal ser o bom aluno da Europa, se esforçam por não ter nem um cabelinho fora do sítio nem que para tal tenham que pisar e repisar com impostos e restrições à laia de brilhantina, os pobres cidadãos.
O que é preciso é fazer boa figura na Europa. Mostrar como somos obedientes e que não nos podemos confundir com os calões dos Gregos que não há maneira de entrarem nos eixos! Nós não! A troika e a UE mandam apertar o cinto nós espartilhamo-nos! Mandam-nos fazer sacrifícios, nós erguemos altares sacrificiais! Mandam-nos trabalhar mais e receber menos e os nossos políticos decidem aumentar o dia de 24 para 36 horas se for possível só para demonstrar como somos labutadores!!
Vejam com que afã os nossos políticos trabalharam ontem Terça Feira de carnaval!! Era vê-los diligentes quais formiguinhas em carreirinhos bem comportadas para Troika ver! O que o produto bruto do país aumentou ontem, Santo Deus!!! Foi um sucesso! Aliás os senhores da massa estão tão impressionados que já se prevê acabar de vez com todos os feriados : religiosos e civis passa tudo para o Domingo. E a chamada semana inglesa ( ainda se lembram? Não? Então revejam o “ Conta-me como Foi” para verem como é!) acaba! Toca a trabalhar ao Sábado que isto não está para graças.
Afinal figura de palhaço fazemos nós todos os dias às mãos desta troika baldroika!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

OBRIGADA S. VALENTIM!!!












A melhor notícia que poderia ter chegado neste dia frio de S.Valentim! Irão decidiu banir as execuções por apedrejamento, bem como a aplicação da pena de morte a menores.



Resultado da Primavera Árabe? Das pressões internacionais? Pouco importa. O que é de saudar é mais este passo em direcção ao respeito pelos direitos humanos e pela equidade e liberdade feminina, uma vez que grande parte das lapidações tinham mulheres como vitimas.



Também a não aplicação de penas capitais a menores de dezoito anos é um significativo passo na autonomia da lei civil e penal da Sharia, a lei islâmica levadaao pé da letra por extremistas religiosos.



É um presente precioso para todos num dia em que se celebra o amor.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

LÍNGUA DE TRAPOS!!!












O Acordo Ortográfico deve ter sido, na história dos acordos, aquele que reuniu mais vozes em desacordo,!






Assinado e em vigor, agora já não há volta a dar-lhe, por muito que o Prof. Vasco Graça Moura vocifere e emita ordens internas em contrário: Dura Lex, Sede Lex e mais nada!






Talvez se na altura em que ainda era possível contestar, argumentar, as pessoas que o podiam e tinham responsabilidades de o fazer , tivessem apresentado provas de que um tal acordo não servia para mais nada do que construir uma enorme Babel Lusa que, francamente , não sei a quem aproveitará, se tivessem evitado toda esta polémica.






Isto porque o Acordo é apenas ortográfico e não lexical!! Ou seja : continuar-se-á a dizer fato ( já sem “c”) o que para nós, falantes de português de Portugal tanto poderá ser “ acontecimento real”; “prova” como fato de saia casaco ou calça e casaco! Terno para estes últimos e fato apenas para o primeiro caso, no que se refere aos que se exprimem em português do Brasil. O mesmo acontece com “ travão” e “freio”, “gelado” e “picolé”, “ camisa de dormir” e “camisola” e por aí adiante.






Conseguiu-se o quê, afinal? Tornar a língua mais fácil dizem uns, uma vez que a discrepância entre a forma falada e a forma escrita levava a sérias dificuldades aos aprendizes do Português tornando-a “ muito difícil”.






Perfeito!! Estou mesmo a ver os chineses a fazerem também um acordo e em vez que caracteres , que como sabemos são ideográficos, passarem a desenhos dos significantes!






A necessidade que temos de facilitar, tem tido como consequência a criação de gerações pouco letradas e pouco aplicadas. E depois “Aqui d’el-Rei” ( Sim, pois. É uma expressão idiomática completamente ultrapassada. Mas hoje sinto-me uma velha do Restelo e como tal…) que os níveis de fracasso em Língua Portuguesa são assustadores ! Vamos ver então os resultados agora com este Acordo, com o qual só o que o fizeram estão de acordo.






Mas os atentados à Língua não se ficam por aqui! Os nossos politólogos (??!!) e jornalistas são exímios em tornar os erros ( leia-se calinadas) em modismos que, pela repetição mediática, acabam por ser aceites e entrar no léxico normal.






Aqui há anos foi a moda do “ à séria”. Alguém, me consegue explicar donde veio esta aberração??? Eu sempre tinha ouvido a expressão “a sério” utilizada nas mesmíssimas circunstâncias. Que terá mudado ?






Esta semana foi a vez de ter ouvido na rádio a seguinte frase: “ Caso se mantenha a seca a situação será desesperada, uma vez que os nascentes se encontram já com pouco caudal”. Desculpe? ! Não se importa de repetir? Por quem é! Aqui vai disto : e toca a repetir até à exaustão. Todo programa se falou dos nascentes !






Assumo humildemente a minha ignorância hidrográfica, mas a menos que alguém me explique como é que as nascentes mudaram dum momento para o outro de género, vou dar por conta duma calinada não assumida e que, não tarda estará na boca de todos como mais um modismo completamente parvo.






Sim porque, atenção!, eu considero que a Língua tem que evoluir , ser dinâmica. Mas com um propósito definido e com lógica! Agora fazer da asneira a regra ortográfica ou lexical em pouco tempo teremos uma língua de trapos. Ou de trapas, quem sabe?!