Chocados? Chocados com o massacre na escola judaica em Toulouse??
Bem chocados, sem dúvida!! Toda a violência gratuita ( e toda ela o é quando perpetrada por homens contra homens!) nos deve chocar e indignar, ainda mais quando nela se vêm envolvidas crianças.
Agora o que não podemos é ter a hipocrisia de nos afirmarmos surpreendidos.
Esta é uma reprise dum filme que já vimos outras vezes e que tínhamos jurado não mais querer assistir. Por isso foi criada a Europa Unida como espaço de tolerância, paz e liberdade.
Só que o Homem, ao contrário de outros animais bem menos inteligentes ( ao que se diz) tem uma memória curta e pouco aprende com os erros. Daí que a História seja elíptica e uma e outra vez se voltem a percorrer os mesmos caminhos. Talvez nos iludamos com as decorações e as roupagens com que os tentamos adornar, mas não tenhamos dúvidas: os caminhos são os mesmos e vão dar ao mesmíssimo local!!
Estes ataques não são apenas a expressão do reaparecimento dum anti semitismo primário! São a expressão da crescente intolerância que se vive numa Europa que perdeu os seus princípios e valores. Uma Europa que se escancarou ao Mundo, sem regras ou restrições, pensando ingenuamente que assim daria o exemplo de liberdade e igualdade que apregoava e pretendia. Esqueceu-se que este era um espaço que conseguira, a duras penas e muitas concessões entre as diversas Nações, alcançar uma plataforma cultural mais ou menos uniforme, ultrapassando barreiras históricas e linguísticas.
A abertura incontrolada das fronteiras trouxe numa primeira fase benefícios a esta velha Europa. Mas falhou completamente no que respeita à integração dessas novas culturas, religiões e etnias. Mais: durante algum tempo fê-las prevalecer em termos de direitos , sobre a cultura europeia, sob o pretexto da tolerância. Resultado fomos tolerantes para os que acolhemos e intolerantes para com os europeus. Tudo autorizámos, com tudo pactuámos, a tudo fechámos os olhos, como pais liberais que nenhumas regras impõem aos seus filhos.
Que impressão me fazia ver ( e cheirar, Deus meu!) gente que urinava contra as paredes de monumentos em Paris! Ver mulheres de burka passarem nas passadeiras em Londres sem quase conseguirem ver os carros que acabavam por buzinar para se fazerem notar! Isto sem falar de outras questões tão ou mais graves mas que certamente me dariam o epíteto de xenófoba. Não sou! Pelo menos não me tenho nessa conta! Se em minha casa não se fuma, não tiro o cigarro aos meus convidados! Antes lhes peço que o façam no jardim.
Quando as ondas de algumas insatisfação, mercê da crise, do desemprego, acompanhados com a violência crescente dos ghettos que entretanto se foram alargando, começaram a agitar as águas europeias, houve logo meia dúzia de políticos ( sim sr. Sarkozy é mesmo consigo!! Mas deixe lá que não está sozinho!) que vieram com discursos inflamados com uma clara mensagem de intolerância, contra os imigrantes, sobretudo árabes, magrebinos e africanos.
Esqueceram este lidereszecos( e não sr. Sarkozy, não estou a referir-me à sua altura física! Essa resolve-se com saltos altos. Já a outra…) com que nos temos que haver nesta Europa moribunda, que estávamos já perante uma segunda ou mesma terceira geração de imigrantes, que tinham de completo direito, o estatuto de europeus.
O que não fizemos, o que a Europa não fez, foi torná-los e fazê-los sentirem-se, de facto europeus.
Agora falamos de fechar as portas ao fluxo migratório, transformando a Europa de oportunidades num a Europa fortaleza. É tarde e é contraproducente.
A intolerância já está a sangrar nas ruas. Não tarda reinará a Lei de Talião e todos sabemos onde ela nos levará.
Não tenhamos ilusões: a Europa caminha a passos largos para mais uma guerra. Diferente, está bem de ver. Mas que importa? Como canta o nosso Fausto” por mais que seja santa a guerra é a guerra!”. Que Deus, Alá, Yavé, e todos os deuses do Olimpo tenham compaixão de nós.
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