O meu coração sempre bateu à esquerda, tal como o de Jacques
Séguéla no célebre slogan da campanha de Mitterrand As razões são várias, mas, como quase todos
os pensamentos mesmo os maiores, podem-se sintetizar neste pensamento singelo:
a igualdade de direitos e deveres que a todos assiste tem que ser mantida na
maior liberdade e respeito pelo individuo e pelo colectivo.
Devia pois sentir-me no mínimo radiante com o volte face
acontecido no passado fim de semana nas eleições francesas, tendência que, ao
que tudo indica, se irá alargar ao espaço eleitoral europeu.
Acontece que não consigo deixar de pensar que talvez tenha
sido tarde demais, que uma Europa a 27 não encontra facilmente um caminho
unitário e coeso, que o monstro foi criado e agora dificilmente se poderá
controlar.
A busca dum rumo para esta Europa que cresceu rápido demais
e com uma visão excessivamente economicista e liberal, não é de agora. A inexistência
de líderes com horizontes políticos alargados, com estratégias definidas e
autónomas dos mercados, em suma, a falta de estadistas na mais ampla acessão da
palavra, conduziu a Europa a um deserto de ideais onde começa a ser penoso
viver. E quando a vida se torna insustentável, tudo é possível e isso é
assustador!
Os cidadãos europeus disseram NÃO a uma política que endeusou
os mercados e a eles se vergou sem ter em conta as pessoas. Puniram,
inequivocamente, os arautos da austeridade que em prol de interesses tão difusos
e externos ao indivíduo, reduziram a política
a uma mera gestão da coisa pública , que não teve em conta o cerne de
qualquer governo : as pessoas.
Os lideres desta Europa cometeram um erro de casting ao
assumirem que a maioria dos europeus se submeteria ao paternalismo déspota que lhe quiseram impor. Enganaram-se e esse é
um engano que nos pode sair a todos muito caro!!
O meu coração sempre bateu à esquerda. Por várias razões que
se podem sintetizar neste pensamento singelo: a igualdade de direitos e deveres
que a todos assiste tem que ser mantida na maior liberdade e respeito pelo
individuo e pelo colectivo. Devia pois sentir-me no mínimo radiante com o volte
face acontecido no passado fim de semana. Acontece que não consigo deixar de
pensar que talvez tenha sido tarde demais, que uma Europa a 27 não encontra
facilmente um caminho unitário e coeso, que o monstro foi criado e agora
dificilmente se poderá controlar.
François Hollande tem um fardo enorme sobre os ombros! Herda
um casamento político do qual, dificilmente sairá impune. É da História que das
alianças Franco- Germânicas nunca surgiu nada de bom. Que acontecerá agora que
um dos interlocutores foi substituído? Terá a França a força suficiente para
controlar a hegemonia germânica que já se começava a desenhar?
Da Grécia não falemos, pois que pouco ou nada há a dizer. A
revolta das ruas transposta para as urnas chega, claramente, tarde demais ao poder.
Agora aos helénicos resta apenas o caminho da ruptura e esta pode ser o
rastilho que incendeie toda a União que nunca esteve tão desunida nem tão
fragmentada.
E todos estudámos o que uma tal fragmentação traz consigo!
Por isso é que hoje, já no rescaldo dos resultados, passada
a euforia de uns e secas as lágrimas de outros, é tempo de nos perguntarmos –
todo!- s se queremos ver arder esta Europa que tanto custou a construir.
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