quinta-feira, 27 de junho de 2013

PLURAL MAJESTÁTICO










Se há coisa que me põe completamente fora de mim é ouvir os nossos políticos, com um ar misto de párocos de aldeia e mestres-escola, dizer que gastámos acima das nossas possibilidades, que vivemos como se fossemos um país rico e que agora o resultado está à vista.
Iluminem a minha ignorância: estamos a falar de quem? Seguramente não dos portugueses em geral!!! “ Ai e tal... havia crédito para tudo, para casa própria , para carros, até para férias “. É verdade sim senhor! Mas não acredito que tenha havida mais do que meia dúzia que tivesse intenções de não cumprir com o acordado. Nenhum português contraiu dívidas e créditos com o intuito prévio de não pagar. Salvaguardem-se algumas desonrosas excepçõe,s mas aí estamos a falar de montantes elevados e que, no lavar dos cestos, acabam por ser perdoados enquanto os restantes, os tais que viviam acima das suas possibilidades, pagam o pato!!
Contraiam-se créditos porque não havia um único banco que não os  impingisse até à naúsea. Os mesmos que depois criaram um buraco do tamanho duma cratera nuclear e a quem o governo, solicitamente, decidiu acudir à custa do contribuinte. O tal que se portou mal porque não se contentou em ser  pobrezinho mas honesto.
Os mesmos bancos que ( já repararam?) antes atribuiam juros , minúsculos é certo, às contas à ordem e hoje cobram taxas para utilizarem ( porque está visto que o fazem) o nosso dinheiro.
Sou só eu que acho isto duma anormalidade sem paralelo?
Quando o(s) governo(s) usam o plural só o podem estar a fazer utilizando o plural majestático. A mesma figura de estilo que o Sr. Silva usa quando se refere a si próprio na terceira pessoa .
E depois acham estranho a contestação na rua???
Não sei quais os números da greve mas sei que muita gente não aderiu, não porque estivesse satisfeita com a situação, mas porque não se pode dar ao luxo de perder um dia de vencimento.
Se querem a minha opinião devíamos voltar às greves de zelo! Está claro que aí não se podiam esgrimir números nem cantar vitórias. Mas tenho a certeza que seria mais eficaz uma semana de greve de zelo – picar o ponto e cruzar os bracinhos – que milhares de pessoas em manifestação e aos gritos nas ruas. É que além de autistas, os nossos políticos são surdos que nem portas!
Quem sabe ouvirão melhor se um dia a malta decidir fazer outra revolução vermelha! Só que desta vez certamente não será de cravos!!

2 comentários:

  1. Tens razão!!! Lembro-me de receber em casa cheques, atrás de cheques, telefonemas a perguntar se queria mais crédito, para férias, outra casa, outro carro... sei lá, e agora somos nós???? A maioria teve bom senso! De certeza, que não foram os que foram passar férias a Cancun, ou que compraram mais um carro para os filhos que levaram o país à falência, se por acaso está falido, e não pessimamente gerido, mas as negociatas milionárias!!! Os BPN e as PPP... os contratos das PPP são ultrajantes para o governo mas deu muito a alguns....

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  2. Gosto daquele post que tem aparecido no FB frequentemente e que diz qq coisa como: "Um país rico não é aquele em que os pobre têm carro, mas sim aquele em que os ricos andam de transportes publicos". Acho que isto diz muito.

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