De comando na mão e estirada no sofá a fazer um dos meus desportos favoritos - o Zapping - acabei por tropeçar num brilhante telefilme que não encontrei anunciado em parte alguma, a passar na FOX NEXT.
O que me chamou a atenção e me fez parar mais do que os segundos do "salta, salta" foi ter reparado que tinha como protagonista Vanessa Redgrave. Dei por mim a pensar que não recordo ter visto algum filme que me tenha tocado particularmente, dos seus tempos que devem ter sido áureos. Já da fase madura, aquela em que não esconde o cabelo que começa a ficar ralo, as veias salientes e as manchas na pele, gosto de todos.
Parei pois para ver o que dali saia. E o que saiu foi uma das mais espantosas lições de politica económica internacional que alguma vez vi!
Como peguei o programa já em andamento, tive que, posteriormente procurar o título e a restante ficha técnica. Fiquei a saber que se trata dum filme de 2004 realizado por Carlo Gabriel Nero, de quem nunca ouvi sequer murmurar o nome e que conta entre outras interpretações com um curto contributo de Angelina Jolie.
O filme retrata o percurso duma mulher que a dada altura se vê confrontada com a existência de dois mundos: o da sua vida normal, com amigos, uma casa, um emprego bem pago; e um outro o dos marginalizados, dos torturados, que vivem em países onde a ditadura não deixa espaço para a vida tal como ela se habituou e conhece. É o mundo dos pobres!
Neste confronto, que está á distância de algumas horas de voo e a centenas de anos luz num outro planeta, a protagonista perde todas as referências, todas as crenças e é acometida duma febre: a febre de se sentir impotente, de questionar estes dois mundos e a forma como se formaram.
A alguns anos de distância da Grande Crise ( o filme foi feito em 2004), esta reflexo sobre a ira dos pobres que cresce e o terror dos ricos que contratacam para que o seu sistema de vida possa sobreviver, vem colocar em evidência os contornos do terrorismo como a arma dos que nada têm a perder.
A dada altura em diálogo consigo mesma ( grande parte do filme é um monólogo primorosamente interpretado pela Vanessa Redgrave ) questiona o valor do seu trabalho em contraponto com o trabalho da mendiga que lhe estendeu a mão na rua.
“ Mas será que ela nunca trabalhou?” “ Trabalhou, sim sempre que conseguiu. Mas as dezasseis horas do seu trabalho não chegam ao valor de uma”.
Nós começamos por lhes roubar as terras, por lhes semear os ódios, por deixá-los despidos, vazios de afectos, sem mais nada a não ser a raiva e a vida que oferecem , não porque não lhe dêem valor mas ao contrário porque a prezam demasiado para a verem ser esmagada, trucidada por uma economia e uma politica que não entendem e os deixa cada vez mais pobres.
O que me chamou a atenção e me fez parar mais do que os segundos do "salta, salta" foi ter reparado que tinha como protagonista Vanessa Redgrave. Dei por mim a pensar que não recordo ter visto algum filme que me tenha tocado particularmente, dos seus tempos que devem ter sido áureos. Já da fase madura, aquela em que não esconde o cabelo que começa a ficar ralo, as veias salientes e as manchas na pele, gosto de todos.
Parei pois para ver o que dali saia. E o que saiu foi uma das mais espantosas lições de politica económica internacional que alguma vez vi!
Como peguei o programa já em andamento, tive que, posteriormente procurar o título e a restante ficha técnica. Fiquei a saber que se trata dum filme de 2004 realizado por Carlo Gabriel Nero, de quem nunca ouvi sequer murmurar o nome e que conta entre outras interpretações com um curto contributo de Angelina Jolie.
O filme retrata o percurso duma mulher que a dada altura se vê confrontada com a existência de dois mundos: o da sua vida normal, com amigos, uma casa, um emprego bem pago; e um outro o dos marginalizados, dos torturados, que vivem em países onde a ditadura não deixa espaço para a vida tal como ela se habituou e conhece. É o mundo dos pobres!
Neste confronto, que está á distância de algumas horas de voo e a centenas de anos luz num outro planeta, a protagonista perde todas as referências, todas as crenças e é acometida duma febre: a febre de se sentir impotente, de questionar estes dois mundos e a forma como se formaram.
A alguns anos de distância da Grande Crise ( o filme foi feito em 2004), esta reflexo sobre a ira dos pobres que cresce e o terror dos ricos que contratacam para que o seu sistema de vida possa sobreviver, vem colocar em evidência os contornos do terrorismo como a arma dos que nada têm a perder.
A dada altura em diálogo consigo mesma ( grande parte do filme é um monólogo primorosamente interpretado pela Vanessa Redgrave ) questiona o valor do seu trabalho em contraponto com o trabalho da mendiga que lhe estendeu a mão na rua.
“ Mas será que ela nunca trabalhou?” “ Trabalhou, sim sempre que conseguiu. Mas as dezasseis horas do seu trabalho não chegam ao valor de uma”.
Nós começamos por lhes roubar as terras, por lhes semear os ódios, por deixá-los despidos, vazios de afectos, sem mais nada a não ser a raiva e a vida que oferecem , não porque não lhe dêem valor mas ao contrário porque a prezam demasiado para a verem ser esmagada, trucidada por uma economia e uma politica que não entendem e os deixa cada vez mais pobres.
Também vi o filme. Concordo em que é uma excelente interpretação e é sem dúvida uma reflexão que desafia o círculo de conforto em que nos movemos - para quem se deixar questionar. Há uma pergunta sem resposta, que nega as respostas da religião, um desespero existencialista que nega as respostas da esquerda e da direita, um desespero latente e quase fatalista que assenta numa interpretação muito sangrenta da história.
ResponderEliminarUma obra que dá pano para mangas e que é tudo menos conformista. Recomendo.