terça-feira, 23 de março de 2010

TERRA NOSSA


Ainda me lembro dos campos de trigo no fim do Verão, à espera de serem ceifados! Dos campos primorosamente cultivados por todo o lado. Dos olivais, dos pomares, dos campos lavrados do meu país.

Agora doí-me ver esse deserto em que nos transformámos por força dessa aberração que foram os subsídios dados para destruirmos o nosso tecido agrícola. Golpe de mestre das grandes nações agícolas da zona euro que nos convenceram de que era mais proveitoso arrancar que plantar, e pagaram à unidade a morte de tantas e tantas culturas.
Não somos um país grande. Mas temos culturas e produtos únicos que é urgente protegermos e sobretudo, dinamizarmos.
Por isso fiquei tão empolgada pelo projecto da QUALIFICA.
Finalmente alguém olhou para este capital do saber fazer único e fortemente enraizado nos pequenos recantos deste país que se vai , aos poucos desertificando e descaracterizando.
Trata-se duma empresa que pretende, em convénio com Câmaras Municipais e outras instituições locais, certificar,qualificar e, sobretudo, personalizar as pequenas maravilhas produzidas um pouco por todo o lado.
O azeite português não é todo igual, como não são iguais as amêndoas, o mel, o cabrito ou os enchidos. Há que os chamar pelos nomes, dar-lhes um rosto, fazê-los sair do anonimato, proteger a sua produção Desta forma vamos encontrar perfeitamente individualizados, as Allheiras de Boticas, de Vinhais e do Barroso; as ameixas de Elvas; o arroz carolino das lezírias Ribatejanas, o borrego da Beira, de Montemor-o Novo, de Terrincho, da Serra da Estrela , do Baixo Alentejo e do Nordeste Alentejano e tantos tantos outros produtos que enriquecem o tecido social e económico das pequenas áreas.
A Denominação de Origem , as Indicações Geográficas Protegidas e as Tradicionalidades Garantidas, são formas de qualificação do que é nosso , por forma a proteger saberes e sabores tradicionais.
Numa altura em que tanto se fala de desertificação do interior e do aumento do desemprego sobretudo nas áreas rurais, saudes-se o aparecimento duma estrutura que, de forma real e prática pretende implementar a requalificação dos produtos , dos saberes, da diferenciação regional.

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