segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O REI VAI NU!!



A 14 de Julho de 1789 a França assumiu a liderança dos países republicanos, tendo sido o primeiro a derrubar a monarquia, sistema único de governo em todo o Mundo Ocidental.
Está bem de ver que aquela que ficou para a História como a Revolução Francesa, não teve inicio às primeiras horas do dia 14 de Julho e acabou em glória ao cair da noite!
Antecedeu-lhe todo um desgaste do antigo regime, uma crescente contestação e indignação social, que durou décadas até culminar na tomada da Bastilha, reduto simbólico do absolutismo e despotismo monárquico, que aos opositores decapitava para que as suas ideias não extravasassem as suas cabeças.
Nem toda a monarquia foi perversa nem o regime que se lhe seguiu foi um éden .
Toda a mudança é dura, demorada e a ela seguem-se-lhe períodos de maior ou menor confusão, pois que derrubar estruturas acaba por ser mais fácil que colocar outras , operacionais e eficazes em seu lugar.

O mesmo acontece na Madeira.
O poder ali é monárquico na sua faceta absolutista.
Mas porque continuam os madeirenses a votar em Alberto João? Porque é popularucho e demagogo? Sim. Mas também porque praticamente toda a população da ilha depende, directa ou indirectamente, do governo que ele detém há três décadas num regime de “ quem não está comigo está contra mim”.
Porém o povo não é destituído de visão crítica. A prova foi dada ontem nas urnas onde Alberto João Jardim embora tendo ganho, obteve a sua maior derrota.
O que se pode pois ler das eleições da Madeira?
Em primeiro lugar que os dois maiores partidos portugueses foram os grandes derrotados, deixando espaço para os mais pequenos se poderem afirmar.
Leitura imediata: ao ter perdido 8 deputados na Assembleia, o PSD recolhe a insatisfação dos eleitores que tarde acordaram para a situação económica que os obrigará a sacrifícios a que até agora têm sido poupados.
O PS perdendo um deputado, arca ainda com o estigma que lhe foi gravado pelo governo anterior que, muito embora não esteja de maneira alguma isento de culpas, não é o único culpado da grave crise económica em que o país mergulhou.
O Partido Socialista, que lançou a discussão em torno da dívida da Madeira levantando assim o véu sobre um velho tabu, ainda não conseguiu junto dos eleitores afirmar-se como um novo partido, com um projecto sério, que não pode negar o passado mas que se recusa a deixar-se por ele flagelar ad eternum. Também, verdade seja dita e justiça feita, ainda não teve tempo. Como costuma o povo dizer Roma e Pavia não se fizeram num dia ( mas arderam numa noite, não esquecer! É mais fácil destruir que reconstruir!)

A Madeira voltará a ser uma República. O tempo é soberano. O Alberto João gostava de o ser mas não é.

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