domingo, 13 de outubro de 2013

VOLTAR A ÁFRICA : DIÁSPORA










Regressar a África para muitos é o abrir duma chaga nunca fechada e que sangra ao mais pequeno toque.
A memória é coisa que perdura muito para além do mero querer consciente. Assalta-nos quando menos esperamos e em muitos casos , inflige-nos a dor que pensávamos estar esquecida.
A toda poderosa crise Europeia ( que se estende a todo o Ocidente desenvolvido, diga-se em abono da verdade!) tem vindo a obrigar ao êxodo  rumo a outros continentes.
África foi em várias fases da nossa História, o destino escolhido.
Primeiro como punição, degredo, alternativa a uma vida sem liberdade. Eram os primeiros anos do século passado!
Depois o El Dourado da década de cinquenta , o início da grande vaga do colonialismo que descambou em conflito aí por volta de 61.
Seguiu-se a guerra que , com todos os seus horrores, deixou em muitos o amor pelos grandes horizontes, pelos pôr-de-sol vermelho, pelas melodias, pelo encantoda terra vermelha de África!
Mas esta é uma mãe caprichosa que não raras vezes fustiga os filhos que a amam!
A década de sessenta viu chegar os retornados a Portugal. Palavra oca  de sentido para a grande maioria que nunca tinha, sequer, colocado os pés na Metrópole e por isso não retornavam a lado nenhum! Pelo contrário eram escorraçados, refugiados, banidos do único país, do único continente que conheciam.
Hoje os portugueses voltaram a escolher Moçambique como destino para a diáspora que o seu país lhes impôs .
Estão um pouco por todo o lado: com pequenos e grandes negócios, tentando estabelecer parcerias e acordos.
Mas a visão do seu papel neste país é bem diferente da que havia nos idos de sessenta e os que não entendem a dinâmica e o ritmo próprios de Moçambique, tendem a fracassar na sua  procura dum futuro melhor.
Voltámos a ser emigrantes e a África que outrora foi portuguesa é um destino de eleição.
Alguns tornaram-se agora verdadeiros retornados.
Muitos não entendem o que se passou nestas últimas décadas em que alimentaram um quimérico sonho de imobilidade. O despertar para a realidade acaba por ser doloroso e violento. Evidentemente que a terra que deixaram já não existe! São os que ficam pairando por aqui , um pouco à deriva e que, em muitos casos, acabam por voltar a Portugal com a derrota na bagagem.
Outros , pelo contrário, abraçam este país que começa a renascer, como um enorme e maravilhoso desafio. Estes serão os vencedores. Assim o permita a Mãe África!

Sem comentários:

Enviar um comentário