Terra Vermelha
De vermelho
que se tinjam apenas
as acácias
Rubras e belas
Mas suaves .
Do vermelho
apenas a terra barrenta
Que os pés descalços pisam
Que faz germinar as colheitas e é vida .
Do vermelho do sangue
nem rasto nem imagem.
Nem lágrimas nos rostos dos meninos
Nem chagas abertas na carne.
Do vermelho do sangue
Não falem as armas
Nem os homens.
Porque é o sangue que
Mata a terra.
Mesmo a que é vermelha.
Confesso a minha mais profunda ignorância da história de
África, quer recente quer mais remota, mesmo daquela a que chamávamos colónias.
Sempre tive a ideia que nós europeus chegámos com régua e
esquadro e, cá vai disto, marcámos fronteiras sem ter em conta nem a estrutura
social existente nem os conflitos ancestrais.
Não sei se esta será a razão basilar para que o continente
africano se encontre permanentemente em convulsão, aberta ou latente.
Mas não aceito a teoria simplista de “ eles são mesmo assim”!
Como dizia o Fausto “a guerra é a guerra” e o sangue quando
escorre, por mais negra que seja a pele , é sempre vermelho.
Os recentes acontecimentos em Moçambique, embora não
totalmente inesperados pelo menos para os que aqui residem, deixaram
perplexa a sociedade estrangeira sedeada em Maputo.
Logo agora que o país se estava a erguer! Agora que os
investimentos começavam a ter consistência , que o desenvolvimento era visível em
cada esquina, em cada cidade, logo agora …
Não creio que se regresse à luta armada e à guerra civil. Há
demasiadas memórias do que foi esse período para que se (re)cometam os mesmos
erros.
Mas há coisas que estão ainda longe de estarem perfeitas ou
mesmo bem. E essas é preciso resolver urgentemente. No silêncio e não com o
barulho de artilharia.
Estou em crer que este país será grande e realmente
independente. Independente dos ainda paternalismos coloniais que persistem, das
guerrilhas de facções cujo único objectivo é o poder pelo poder.
Eu acredito em Moçambique.
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