O Público noticia que em 2010, 43 mulheres foram mortas, vitimas de violência doméstica. Paralelamente a World Press atribuiu o 1º Prémio de fotojornalismo à imagem duma mulher mutilada pelo marido.
Em pleno Séc. XXI e perante estas notícias, parece-me que o percurso feito em prol da igualdade, foi demasiado curto e, sobretudo, com demasiados atropelos.
Os números são arrepiantes mas, receio bem que não sejam nem de longe nem de perto, representativos da realidade. Até porque a violência doméstica não se esgota nas ofensas corporais e mesmo essas criam na vitima um sentimento de culpa e vergonha que a levam a refugiar-se no silêncio e na mentira, desculpabilizando o ofensor. As marcas evidentes são sempre resultado da sua própria falta de cuidado, da qual resultam quedas e pequenos acidentes.
Refugiam-se em histórias que constroem para encontrarem resposta e nas quais invariavelmente assumem o papel de culpadas e inocentam os seus agressores, encontrando atenuantes em todos os actos por mais bárbaros.
E as marcas da alma que não são visiveis, essas ficam para sempre guardadas no silêncio de quatro paredes. A maior prostituição é a que acontece entre casais, onde a obrigação dos "deveres conjugais " coloca a mulher num papel passivo que muitas vezes roça as margens da escravatura sexual.
Esta obrigatoriedade, está negação do desejo no feminino, é a violência mais dramática a que a mulher se encontra sujeita. É-lhe imposta, não apenas pelo companheiro que por vezes faz valer os seus " direitos" de forma mais "eloquente", mas pela própria sociedade que insiste em olhar para o lado, refugiando-se num falso respeito pela privacidade de cada um.
O ponto de ruptura acontece muitas vezes apenas quando o ofensor alarga a sua área de violência aos filhos. Ou quando a agressão, de tão violenta, passa a ser pública.
As autoridades esgrimem argumentos legais para justificarem a sua não ingerência, contrapondo a necessidade de provas inequívocas, de flagrantes delitos, de...
Quando finalmente se actua acaba por ser sempre tarde demais, mesmo quando o caso não termina na morgue ou na cadeia. Sim, porque o maior número de homicídios no feminino é consequência de histórias de contínua violência doméstica que terminaram com gritos de "BASTA!"
Um grito que é urgente colocar na ordem do dia de toda a sociedade sob pena de retrocedermos para a época de barbárie onde se afirmava que as mulheres não possuiam uma alma ou no melhor dos casos atribuiam aos homens, não uma mas duas.
Esta violência é de todo inaceitável, sobretudo pela falta de humanidade que encerram os comportamentos desta natureza. Homens e mulheres devem unir-se nessa luta de cada dia e o respeito começa em cada uma e todas as casas. Tico e Teco
ResponderEliminarConcordo inteiramente convosco! Basta de violência, seja ela: doméstica, bullyng, mobbing... em toda as modalidades!
ResponderEliminarMas como travá-la?! Se a formação pessoal e moral de cada individuo é diferente!?! Como tornar-nos conscientes a todos para esta brutalidade!?!?!?
Porque para crimes destes não basta FALAR, ASSINAR PETIÇÕES.... o "combate" passa sobretudo pela educação! passa também por "qualidade de vida" para todos, igualdade, na habitação e mesa! Algum dia teremos isso?!?!?
Eu sinceramente já perdi a esperança de alguma vez o Ser Humano ERRADICAR a Violencia, a fome e todos os "desaires" sociais, que nos levam a uma sociedade perigosa e violenta!
=( desculpem pela minha falta de fé no Homem!
N.B.: gostei muito do seu cantinho, voltarei mais vezes! (Maria Rocha)