Durante vinte anos ( pois! é isso mesmo! 20!!!) fui professora.
Ou melhor, dei aulas pois que ser professor neste país é uma missão praticamente impossivel.
Durante esse tempo ouvi os comentários mais absurdos. Que éramos uma classe de privilegiados ( os mais radicais chamavam-nos de calaceiros) porque tínhamos vários meses de férias e meio tempo de trabalho. Que só ia para professor quem não sabia fazer mais nada, e por aí fora.
Evidentemenet que na classe docente como em qualquer outra, como dizia a minha avó " há muito filho de muita mãe" , ou seja há bom , mau e assim-assim. Mas os comentáriso, francamente, eram do mais despropositado.
Primeiro porque de facto ninguém tinha MESES de férias. O tempo de pausa das actividades escolares serviam para fazer matrículas, elaborar turmas, elaborar horários, fazer planificações, analisar comportamentos, analisar contextos sociais e familiares, analisar manuais, preparar aulas etc etc.
E aqui entre nós mesmo que tivessemos meses de férias bem que elas fariam falta. Qualquer mãe sabe como é desgastante educar os filhos. Agora imagine-se tal tarefa elevada à centésima potência com a agravante da falta de autoridade materna ou paterna. Para além de que as crianças são por natureza cruéis e ser professor é uma profissão de desgaste rápido!
Enfim!
Foi preciso acontecerem dramas como o desaparecimento da criança no Tua e os uicidio do professor de Música, para que se começasse a pensar que, se calhar as criancinhas deveriam ser encaradas doutra forma e não como até aqui, seres muito frágeis que a todo o custo havia que evitar traumatizar. E por traumatizar entenda-se contrariar.
Anos e anos de enegrecimento da imagem do professor, minaram a sua autoridade dentro e fora da sala de aula.
Durante décadas foram obrigados a formar gente medíocre e mal educada pois que uma advertência, um castigo ou mesmo uma reprovação eram tomados como graves atropelos a uma coisa que nunca ninguém me conseguiu explicar que é a escola inclusiva associada ao ensino individual.
Para se conseguir esta quadratura do círculo, uma escola que a todos tratasse por igual e ao mesmo tempo ensinasse de acordo com as capacidades de cada um, fomentou-se uma politica do poucochinho. Isto é: andava-se com os alunos, com nítidas dificuldades, ao colo e desprezavam-se os que revelavam francas capacidades. Resultado: criou-se no espirito destes a ideia maninha do " não vale a pena". Não vale a pena esforçarem-se porque toda a gente passa. Não vale a pena ser-se extraordinário porque um "cinco" equipara o Bom o Muito Bom e o Excelente. Não vale a pena porque o mérito não tem mérito.
À sombra da violência, que parece só agora ser do conhecimento geral e que grassa nas escolas desde há pelo menos vinte anos, começa-se a falar desta coisa importante que é premiar a excelência e em paralelo punir os comportamentos inadequados.
Não tenhamos dúvidas que este é o caminho para terminar com a violência na escola e com os fracos resultados escolares.
Se o aluno tiver como certo que se chamar filho daquela senhora a um professor ou a um contínuo ( auxiliar de educação, seja, que os nomes não mudam os estatutos) não tem qualquer consequência, a sua atitude perante a escola é de que a permissividade e a impunidade é total e faça o que fizer terá no final a recompensa.
Agora se ao ter essa linguagem ou atitudes violentas ou inadequadas souber que corre o risco de ir parar ao meio da rua sem apelo nem agravo, se a estrutura familiar dos alunos souber que é co-responsável e que os actos dos seus jovens recairão em forma de sanções sobre si, seja pela perda de subsidios seja doutra forma, ah aí não tenhamos dúvidas que teremos solucionado dois problema: o da violência e o da participação dos Encarregados de Educação na formação dos seus educandos.
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