terça-feira, 22 de outubro de 2013

DE VOLTA A ÁFRICA : TERRA VERMELHA


Terra Vermelha

 

De vermelho

 que se tinjam apenas as acácias

Rubras e belas

Mas suaves .

Do vermelho

apenas a terra barrenta

Que os pés descalços pisam

Que faz germinar as colheitas e é vida .

Do vermelho do sangue

nem rasto nem imagem.

Nem lágrimas nos rostos dos meninos

Nem chagas abertas na carne.

Do vermelho do sangue

Não falem as armas

Nem os homens.

Porque é o sangue que

Mata a terra.

Mesmo a que é vermelha.

 

Confesso a minha mais profunda ignorância da história de África, quer recente quer mais remota, mesmo daquela a que chamávamos colónias.

Sempre tive a ideia que nós europeus chegámos com régua e esquadro e, cá vai disto, marcámos fronteiras sem ter em conta nem a estrutura social existente nem os conflitos ancestrais.

Não sei se esta será a razão basilar para que o continente africano se encontre permanentemente em convulsão, aberta ou latente.

Mas não aceito a teoria simplista de “ eles são mesmo assim”!

Como dizia o Fausto “a guerra é a guerra” e o sangue quando escorre, por mais negra que seja a pele , é sempre vermelho.

Os recentes acontecimentos em Moçambique, embora não totalmente inesperados pelo menos para os que aqui residem, deixaram perplexa  a sociedade estrangeira  sedeada em Maputo.

Logo agora que o país se estava a erguer! Agora que os investimentos começavam a ter consistência , que o desenvolvimento era visível em cada esquina, em cada cidade, logo agora …

Não creio que se regresse à luta armada e à guerra civil. Há demasiadas memórias do que foi esse período para que se (re)cometam os mesmos erros.

Mas há coisas que estão ainda longe de estarem perfeitas ou mesmo bem. E essas é preciso resolver urgentemente. No silêncio e não com o barulho de artilharia.

Estou em crer que este país será grande e realmente independente. Independente dos ainda paternalismos coloniais que persistem, das guerrilhas de facções cujo único objectivo é o poder pelo poder.

Eu acredito em Moçambique.

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