Aqui há semanas uma das “grandes” notícias era que um jovem
tinha devolvido uma carteira que encontrara, com uma avultada quantia em
dinheiro .
Quando questionado, limitou-se a responder que o anormal seria que o não o
fizesse e que não entendia a estranheza que o seu acto provocara.
Nos anos 80 ( do século passado!!) ensinavam-nos , a nós
aspirantes a jornalistas, que a noticia era o homem que mordia o cão.
Hoje ao que parece, o que admira e faz correr tinta é a
dentada do cão no homem.
O ministro da Administração Interna demitiu-se, apanhado na
enxurrada do escândalo em torno de altas figuras da administração pública e
toda a gente admira, felicita e tece os maiores elogios àa essa atitude !
Ora o estranho, o inadmissível, é que esta não seja a regra
para todas as figuras públicas que vejam o seu nome manchado em praça pública
por eventuais actos altamente gravosos ou ligações que possam pôr em causa o
interesse nacional! Essa é que deveria ser a notícia!!
Mas não!
Já tomámos o moralmente repreensível, por normal. Inverteu-se
o paradigma do certo e errado no que às figuras públicas diz respeito. Não é
pois de admirar que aquelas se sintam acima da Lei, impunes e inatingíveis. Foi
esse o direito que lhes concedemos. Não nos queixemos pois de tanto homem a
morder cães! Afinal à mulher de César pouco lhe importa se parece ou não séria.
Sobretudo quando não o é.
Como tal Miguel Macedo fez o que devia ser feito. Não é caso
para condecoração.
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