… dizia o poeta.
Para mim esta foi sempre uma verdade incontestável e ainda
hoje quase me emociono quando, num canto longínquo do Mundo, ouço uma palavra,
uma frase, uma conversa em português. É como se a Pátria ficasse ali, à
distância duma mão .
Sempre gostei de palavras. As que se dizem, as que se
escrevem e as que nos bailam apenas no pensamento. Gosto de brincar às
escondidas com elas e deixar-me encontrar, assim, desprevenida, como se fossem
elas as protagonistas da minha história e não o contrário.
Há poucas coisas que me revoltem tanto como ouvir uma “
calinada” ( sim , existe a palavra, vão lá ver, vá…) por vezes da boca de quem
menos se espera.
O acordo ortográfico foi a Olivença da nossa língua:
perdemos para sempre um pedaço de nós em prol duma suposta evolução (
semântica? Lexical?), criando uma Babel tal que damos por nós ( dou por mim!) a
escrever com erros, alguns de palmatória.
Sejamos francos: todos nós em algum momento, damos erros
ortográficos! Agora menos , valha –nos o Santo Corrector Automático. Mas até
esse se baralha com trocas e baldrocas, com “c” que caem e “c” que ficam.
Isto sem falar de quem, com algumas responsabilidades
públicas, camufla a coisa com uma dislexia . enfim…
Oralmente a situação torna-se muitas vezes constrangedora (
sobretudo para quem ouve porque a ignorância de quem fala amortece qualquer
laivo de vergonha ). Ouvir vezes sem conta “ hades” ( e não , não é o Inferno!)”
foi” em vez de “fui” ou “artesões”, da boca de gente que tem responsabilidades
como figura de referência .É coisa para me fazer ter pesadelos e pensar que
quem assim fala não pode ser competente no que quer que faça. Isto porque o
erro não é casual: persiste e perpetua-se.
Levei tempo a recompor-me da entrada da Guiné Equatorial na
CPLP. Mas feito o luto a mais esta venda de Portugal ao quilo ( em inglês
Selling Portugal by the kilo. que música isto não teria dado …) não me contenho
!
Expliquem –me cá o valor das siglas. Já nem vou tão longe
como discorrer sobre o simbolismo e o espirito da coisa. Não, vou apenas
limitar-me à sigla.
UE – União Europeia. Certo!
EUA – Estados Unidos da América .Certo!
BES – Banco Espirito Santo . ( ai… pois… ) . Certo.
CPLP – Comunidade de Países de Língua Portuguesa . Errado.
Ouvir o senhor Obiang a falar castelhano foi a gota de água (…rrás! É assim que
se escreve não é?) que acabou com a dita comunidade.
Sejamos sérios. Que papel desempenhou a CPLP em prol da língua
do pobre Camões que a esta hora já não anda às voltas no túmulo porque está em
pó, mas de certeza que lamenta não ter escrito os Lusíadas em alemão?
Se calhar essa não era a prioridade. Se calhar o desiderato da Comunidade
era promover a cultura, a história, a literatura, a cooperação com os países
que, algures no tempo, estiveram ligados a este rectângulo periférico da
Europa chamado Portugal.
Ou se calhar foi criada só porque sim e ponto final. Cá por
coisas inclino-me mais para esta última explicação!...
Mas admitir que o presidente Obiang falasse outra língua que não
a nossa , numa manifesta falta de
consideração para com a comunidade que erradamente lhe tinha aberto as portas,
é rebaixarmo-nos para lá do limite da decência!!!
Que raio, não havia ninguém que o ensinasse a dizer “ Obrigada”,
“Estou feliz por…” , “ Bom dia”, aquelas coisas que os artistas estrangeiros
dizem com um sotaque de morrer mas que levam à loucura uma multidão inteira
perante tal milagre ?
A Língua Portuguesa afinal pode ser falada em francês,
castelhano, inglês, mandarim…basta que venha escrita em notas de banco.
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