Sempre fomos o elo mais fraco, consequência duma estrutura de aparência mais frágil e , sobretudo, devido ao facto da nossa condição de geradoras de vida.
Seja qual for a explicação o resultado nunca foi, como seria de esperar, uma maior protecção da nossa condição de mulher. Contrariamente ao que acontece com as demais espécies que em regra protegem os mais vulneráveis, o Homem sempre olhou o outro pólo como um ser menor em todos os aspectos e como tal susceptível de todo o tipo de exploração.
Dir-me-ão que “isso era dantes” que agora a situação é outra, que as mulheres conseguiram uma equidade que as coloca no mesmo patamar dos homens, que acedem aos mesmos lugares de chefia, que participam civicamente no mesmo plano…
Não nego o caminho percorrido mas não sou tão optimista!
Em tempo de crise e de guerra as mulheres são as primeiras “ baixas colaterais”. E são-no duplamente: de forma real, estatística mediática e na outra, na que se não vê, subterrânea, silenciosa e muito mais mortal.
As duas mulheres, a paquistanesa Asma Jilani Jahangir e a médica alemã Monika Hauser, que esta semana discursaram na Assembleia da República ao receberem o prémio Norte-Sul do Conselho da Europa , denunciaram actos que nos chocaram mas que remetemos para o longínquo das situações que só acontecem “ lá fora”.
Esquecemo-nos que em Portugal os casos de violência sobre mulheres têm vindo a aumentar de forma assustadora. E esses são apenas a ponta do iceberg!
As primeiras vítimas desta crise que nos assolou , foram as mulheres. Foram elas as primeiras a serem despedidas, a dependerem economicamente de outrem e como tal a submeterem-se mudas à exploração mais hedionda.
No outro prato da balança ficam as inúmeras que passaram a “cabeça de casal” ( como detesto esta expressão!! ) , trazendo para casa o único rendimento familiar, desdobrando-se em múltiplos trabalhos para conseguirem manter coesas as famílias , assegurando as lides domésticas , o acompanhamento dos filhos, desgastando-se e esquecendo-se de si próprias.
Nas profundezas do silêncio, ficam os casos de violência e exploração, confinadas ao recato das famílias. As violações consentidas por lei que ocorrem no seio dos casamentos, não são menos degradantes, violentas ou condenáveis!!
Já para não falarmos não excisões praticadas no nosso país que, por serem casos pouco numerosos e acontecerem em dentro de etnias minoritárias, ficam no esquecimento e no desconhecimento das estatísticas.
O prémio Norte-Sul e os testemunhos daquelas duas mulheres deverão fazer-nos pensar e agir aqui, neste país que é nosso, de todos e de todas, no imenso percurso que falta fazer para que a humanidade seja mais humana e equitativa.
Nada está conquistado! Enquanto houver uma mulher submetida, espancada, violada, violentada moral e fisicamente, não podemos considerar-nos humanos! É preciso fazer mais, investir na educação das novas gerações, agravar as penas e, sobretudo, não calar, não pactuar com o silêncio de tantas inocentes que precisam duma voz que denuncie o seu calvário.
Gostei imenso. E tens toda a razão! Não nos calemos!
ResponderEliminarBjs
Corália