Sob palavra de honra que tinha decidido não me pronunciar, até porque concordo com tudo o que se diz e o seu contrário.
Mas o sururu em volta do caso é tanto, os comentários sobre o sucedido assaltam todas as conversas , que não me contive.
Então cá vai a minha acha para a fogueira.
Fui educada a respeitar a Pátria e os seus símbolos . Como tal respeito a figura institucional do Presidente da República , muito embora coloque, cada vez mais, em causa a sua necessidade. Não obstante não concordar com este regime semi-presidencial que nem é carne nem peixe muito pelo contrário, o certo é que o primeiro magistrado da Nação é o Presidente da República e como tal digno de todo o respeito.
Respeita-se o cargo, independentemente de ser ocupado por A ou B, por palhaços ou doutores da mula ruça. Sob este ponto de vista sou francamente contra a linguagem utilizada pelo Miguel Sousa Tavares ao referir-se ao senhor Presidente da República.
Mas também sempre me disseram que para se ser respeitado tem que se dar ao respeito.
Ora aqui é que o caso muda de figura!
Tem o senhor Doutor Aníbal Cavaco Silva respeitado o cargo para o qual foi eleito? Dignifica a posição de primeira figura da Pátria?
Não creio! E o pior é que grande parte dos portugueses, mesmo o que nele votaram , também não o crêem .
Como se pode acreditar e respeitar uma figura que promulga leis com as quais não está de acordo? Ou quando não diz sim nem não mas antes pelo contrário? Ou ainda quando confrontado com um país exangue, onde as instituições se degladiam e se canibalizam, não é capaz de assumir o seu papel de garante do regular funcionamento dessas mesmas instituições e se mantém ali na corda bamba, qual contorcionista.
O Doutor Aníbal foi a primeira figura a usar publicamente a prorrogativa dos diversos heterónimos: umas vezes falava na condição de presidente do PSD; outras como Primeiro Ministro, outras como o cidadão Aníbal. Resta pois saber a qual dos heterónimos se referia Miguel Sousa Tavares, se bem que agora a lista está renovada : Por vezes apresenta-se como PR outras como o pobre do Silva que tem uma reforma de miséria e se insurge contra os cortes que lhe chegam ao bolso.
Não sei qual será maior insulto, se alguém chamar-lhe palhaço ou ele publicamente queixar-se de que terá dificuldade em viver com a “magra” pensão, perante um povo que pede esmola e engrossa as filas da “sopa dos pobres”.
É tudo uma questão de identidade. Possivelmente em ambos os casos estaríamos a lidar com o ti Cavaco Silva e como tal fica o insulto pelo insulto.
Afinal entre ursos, palhaços, burros, meninas do arame, ilusionistas e quejandos o circo há muito que desceu à cidade.
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