Há coisas que por mais argumentos que me apresentem, por mais que pense, não consigo entender! Não consigo, pronto!
De cada vez que oiço a expressão " Superior interesse de..." fico logo de orelhas ao alto à espera de mais uma decisão a bradar aos céus!
E quando o " superior interesse" culmina com a palavra " criança" eriçam-se-me os cabelos da nuca e quase entro em pânico.
Quantas atrocidades se cometem em nome do "superior interesse da criança"!
Retiram-se crianças que se encontram à guarda de terceiros, com base no argumento de que os filhos devem estar com os pais, mesmo que estes o sejam apenas de nome.
Arrepiam-me o número de casos de crianças que, após terem sido "devolvidas" - como se fossem uma mercadoria que tivesse sido roubada - aos progenitores, acabam nos bancos de hospital ou na morgue. Vêm depois os remorsos, a indignação, o passa-culpas e a situação repete-se uma e outra vez. A tragédia duns nem sequer evita a de outros. Os mesmos erros, as mesmas sentenças, o mesmo resultado.
Há bem pouco tempo, em conversa com uma amiga mãe de cinco filhos (5, note-se!) todos eles jovens adultos, com uma situação financeira estável e confortável ,com um instinto maternal como raramente vi, constatei uma vez mais que o "superior interesse da criança" é, por definição, uma batata!!
Esta minha amiga e o marido decidiram que, agora que a casa se tornara um pouco vazia uma vez que a maior parte dos filhos tinha abandonado o ninho, estava na altura de darem o imenso amor que fizera das suas crianças homens, a um menino que o não tinha.
Ainda jovens , menos de cinquenta anos, sentiam-se perfeitamente capazes de adoptarem uma criança, de o criarem como seu, de lhe dar um lar.
Deram inicio ao processo de adopção e o calvário começou.
As entrevistas foram inúmeras: " Faltou perguntarem-me o número dos sapatos!" e as situações tocaram o caricato. A gota de água foi a imposição da senhora da Segurança Social em que a criança tivesse um quarto só para ela! Todos os cinco filhos do casal tinham partilhado o quarto com um ou mesmo dois irmãos, essa questão nunca se colocara. Aliás a partilha do espaço alicerçava laços e intimidades. Mas para a Segurança Social a criança precisava do seu espaço ! Numa casa enorme rodeada de jardim de facto uma criança vinda duma instituição onde dorme numa camarata com uma dezena de outros, o espaço torna-se, efectivamente, exíguo!
Desistiram!
Como eles, muitos outros deixaram de lado a ideia da adopção. O processo é tão lento, tão doloroso que esmorece qualquer um. Seria mais fácil se em vez de bébes as pessoas optassem por meninos em idade escolar, contrapõe o sistema. Pois! Mas o processo está definitivamente inquinado! As instituições recebem subsídios de acordo com o número de crianças a cargo, o que desincentiva essas mesmas instituições a promoverem e agilizarem processos de adopção. Assim as crianças vão -se quedando abandonadas, crescendo de instituição em instituição, criando as defesas próprias de quem tem que sobreviver sem uma familia e muitas vezes sem valores, deslizando, não raras vezes , para a marginalidade. Ninguém arrisca a adopção duma criança assim. É duro, é desumano, mas é real.
Está na hora de se passar dos projectos à prática. Falou-se em tempos , na criação duma rede nacional de adopções? Que é feito? Neste momento sabe-se, concretamente , quantas crianças estão para adopção e quantos são os candidatos a acolhê-las?
Não faz sentido haver tantos braços à espera e tanta criança sem colo.
De cada vez que oiço a expressão " Superior interesse de..." fico logo de orelhas ao alto à espera de mais uma decisão a bradar aos céus!
E quando o " superior interesse" culmina com a palavra " criança" eriçam-se-me os cabelos da nuca e quase entro em pânico.
Quantas atrocidades se cometem em nome do "superior interesse da criança"!
Retiram-se crianças que se encontram à guarda de terceiros, com base no argumento de que os filhos devem estar com os pais, mesmo que estes o sejam apenas de nome.
Arrepiam-me o número de casos de crianças que, após terem sido "devolvidas" - como se fossem uma mercadoria que tivesse sido roubada - aos progenitores, acabam nos bancos de hospital ou na morgue. Vêm depois os remorsos, a indignação, o passa-culpas e a situação repete-se uma e outra vez. A tragédia duns nem sequer evita a de outros. Os mesmos erros, as mesmas sentenças, o mesmo resultado.
Há bem pouco tempo, em conversa com uma amiga mãe de cinco filhos (5, note-se!) todos eles jovens adultos, com uma situação financeira estável e confortável ,com um instinto maternal como raramente vi, constatei uma vez mais que o "superior interesse da criança" é, por definição, uma batata!!
Esta minha amiga e o marido decidiram que, agora que a casa se tornara um pouco vazia uma vez que a maior parte dos filhos tinha abandonado o ninho, estava na altura de darem o imenso amor que fizera das suas crianças homens, a um menino que o não tinha.
Ainda jovens , menos de cinquenta anos, sentiam-se perfeitamente capazes de adoptarem uma criança, de o criarem como seu, de lhe dar um lar.
Deram inicio ao processo de adopção e o calvário começou.
As entrevistas foram inúmeras: " Faltou perguntarem-me o número dos sapatos!" e as situações tocaram o caricato. A gota de água foi a imposição da senhora da Segurança Social em que a criança tivesse um quarto só para ela! Todos os cinco filhos do casal tinham partilhado o quarto com um ou mesmo dois irmãos, essa questão nunca se colocara. Aliás a partilha do espaço alicerçava laços e intimidades. Mas para a Segurança Social a criança precisava do seu espaço ! Numa casa enorme rodeada de jardim de facto uma criança vinda duma instituição onde dorme numa camarata com uma dezena de outros, o espaço torna-se, efectivamente, exíguo!
Desistiram!
Como eles, muitos outros deixaram de lado a ideia da adopção. O processo é tão lento, tão doloroso que esmorece qualquer um. Seria mais fácil se em vez de bébes as pessoas optassem por meninos em idade escolar, contrapõe o sistema. Pois! Mas o processo está definitivamente inquinado! As instituições recebem subsídios de acordo com o número de crianças a cargo, o que desincentiva essas mesmas instituições a promoverem e agilizarem processos de adopção. Assim as crianças vão -se quedando abandonadas, crescendo de instituição em instituição, criando as defesas próprias de quem tem que sobreviver sem uma familia e muitas vezes sem valores, deslizando, não raras vezes , para a marginalidade. Ninguém arrisca a adopção duma criança assim. É duro, é desumano, mas é real.
Está na hora de se passar dos projectos à prática. Falou-se em tempos , na criação duma rede nacional de adopções? Que é feito? Neste momento sabe-se, concretamente , quantas crianças estão para adopção e quantos são os candidatos a acolhê-las?
Não faz sentido haver tantos braços à espera e tanta criança sem colo.
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