O JN noticiava ontem, dia Mundial da Criança, o desmantelamento duma " Fábrica de bébes" na Nigéria.
Tratava-se duma organização aparentemente de acção social , onde adolescentes eram forçadas a engravidar e a dar os recèm nascidos a troco de dinheiro.
Esta prática, infelizmente é mais comum do que se possa pensar, sobretudo em países onde a miséria grassa e onde o nível de sobrevivência força muitas vezes a desumanização, permitindo o aparecimento de abutres sem escrúpulos.
Na fronteira entre Moçambique e a África do Sul, enormes cartazes alertam para o tráfico de crianças, para os fins mais ignóbeis : prostituição, meninos soldados, trabalho escravo, mendicidade, tráfico de órgãos…
O destino de grande parte deste contrabando humano, são os países ditos de primeiro Mundo, que olham chocados para esta realidade, mas que a fomentam.
Tirando os meninos soldados que são na sua maioria recrutados para os conflitos que grassam no continente africano, as restantes situações são fomentadas directa ou indirectamente pelos países aos quais chamamos de civilizados.
Lembro-me de há muitos anos ter lido “ A cidade da Alegria” que se não me falha a memória é da autoria do jornalista Dominique Lepierre e onde ele descreve duas situações dum choque quase insustentável:
Uma é a cena do pai que amputa o filho para que este possa ter mais êxito na sua “ profissão” de pedinte pelas ruas de Calcutá.
A outra é a de uma mulher que, tendo cinco filhos em casa e sem possibilidade de ter mais um e querendo pôr na mesa dos restantes algum sustento, acede a fazer um aborto no sétimo mês de gestação, em condições miseráveis, acabando por morrer . O feto e a placenta seriam utilizados em cosmetologia.
Na altura pensei que estava perante uma ficção utilizada apenas como chamada de atenção para a discrepância social do Mundo em que todos vivemos, sendo que uma grande parte se limita a tentar sobreviver muito a custo.
Porém neste momento reconheço estes acontecimentos como reais e muito próximos de nós.
Os fluxos migratórios caso não sejam devidamente controlados, podem fomentar este tipo de tráfico.
A prostituição infantil é já uma realidade na Europa. A adopção ilegal também. E o resto?
O desespero de quem nada tem, anula a dignidade humana.
Deixemo-nos de olhares chocados e condenatórios e dinamizemos e desenvolvamos os países carenciados. Sem paternalismos. Ficaremos todos mais humanos .
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