A recente reportagem de Luis Castro sobre os meninos taliban na Guiné coloca várias questões de direitos humanos mas também de responsabilidade histórica e politica do nosso país para com os territórios que foram outrora Províncias Ultramarinas.
Na reportagem ficava claro que existia uma forte vontade em aprender e que os abusos cometidos tinham aproveitado esse genuino e fundamental direito pois que alguns dos actos tiveram lugar nas Madrassas onde as jovens iam com o intuito de aprender a ler e a escrever.
Nas Madrassas note-se. E não há aqui qualquer laivo de intolerância religiosa, porquanto é bem sabido que todas as religiões jogaram papéis fundamentais no ensino ao longo dos anos.
O que me indigna é esta nossa atitude em relação áqueles paises que outrora foram parte integrante de Portugal. A nossa atitude ( institucional, entenda-se )oscila entre o paternalismo mais tosco e a negação mais grosseira!
Quando em 1999 visitei Macau, fazendo dessa forma a minha despedida ao império, fiquei chocada por não ver um único macaense a falar português! E quando digo um único está bem de ver que não me refiro a uma classe alta da sociedade macaense que, eventualmente o faria. Mas o comum dos cidadãos,os homens, os garotos na rua, não conheciam a língua que, sejamos serios, deveria ser oficial do local onde viviam. Não era aquele um território sob administração portuguesa?
Há alguns anos atrás em conversa com um dos directores do Instituto Cervantes que, para quem não sabe , promove a língua e a cultura espanhola no Mundo, ele mostrou-me um mapa com uns pontinhos explicando que ali era onde estavam e virando a página mostrou-me um outro completamente salpicado acrescentando que ali era onde queriam estar no espaço de cinco anos. Estou em crer que o conseguiram!
Nós por cá temos uma coisa que dá pelo nome de Instituto Camões e em véspera do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, muito gostava que me dissessem o que fazem e que objectivos têm para promoção da língua e cultura portuguesa nos próximos, digamos . dez anos!
As antigas colónias ( lamneto mas não há como escamotear o passado. Foram colónias sim e então ?!) estão SEDENTAS de escolas e de bibliotecas e de casas de cultura que lhes dêm as raízes que eles próprios não querem perder e que nós, ao contrário, insistimos em lhes negar.
O poder económico numa socieddae global, também passa pela dinamização da língua e um mercado com milhares de falantes portugueses, que pode estender-se pelo menos por três continentes, não pode ser displicentemente ignorado!
Disso mesmo têm consciência os nossos parceiros.
Veja-se o exemplo de Moçambique onde a língua inglesa está a ganhar cada dia mais peso. E não é por causa da próximidade com a África do Sul ou devido à informática! É porque existe uma clara política de expansão cultural e linguística. O mesmo acontece com os nossos vizinhos espanhóis que não negam o seu passado colonizador e continuam a insistir na propagação do castelhano na América Latina sem que sintam que daí advenha qualquer estigma colonialista.
Só nós continuamos a fazer " rodriguinhos" inconsequentes, construindo institutos, fundações e quejandos, para meia dúzia de rapazes, poderem brincar aos intelectuais.
Está mais que na hora de termos Causas com Consequências! Positivas, já agora!
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