a cidade conserva ainda um encanto na decadência em que a deixaram a guerra e a falta de tudo o que consideramos essencial.
Ora aqui está uma palavra que ganha contornos novos em África ! O que é essencial? Nós os europeus, colocámos o essencial um patamar abaixo do superfluo e por isso é-me dificile de entender este despojamento.
A vida em Quelimane continua mansa, agradável, cheia de luz. Talvez se deva aos Bons Sinais do rio, quem sabe?
A decrepitude não lhe retirou completamente o charme de outrora.
Aqui e ali pequenos redutos que nos transportam a um outro tempo, que, mesmo para mim que não o posso recordar, se adivinha, se intiu, se cheira e me enche de nostalgia dum tempo que nao vivi.
Crianças no recreio da escola. Iguais em todo o lado independentemente de cores ou credos |
A Piscina. Local de encontro de gerações |
O sete de Setembro apanha-me nesta cidade. A alegria é contagiante.
Na praça do Municipio, depois do comício , grupos de mulheres dançam ao som dos batuques que os homens fazem falar com um ritmo próprio.
Os instrumentos são diversos: Xilofonesfeitos de madeira, castanholas de duas tábuas, uma corneta indescritivel...há até um artefacto, espécie de "one man band", no qual consigo distinguir uma enorme roda de ferro que, muito provavelmente, já esteve ao serviço de algum poço.
As capulanas enchem o recinto de cores .
São várias as Shakiras que se bamboleiam em movimentos de cobra, ritmados, naturais, inatos.
Única branca num mar negro não passo despercebida. E, como se não houvesse cor de pele e a história que hoje se comemora não tivese por detrás ódios e mortes, sou arrastada para a dança. Abraçada a uma velha negra, imito-lhe com dificuldade o meneio das ancas e deixo-me levar pelo calor africano, que, mais que externo, corre nas veias desta gente.
A catedral nova |
Vista do hotel Chuabo sobre o rio dos Bons Sinais |
A velha catedral |
E da praia de Zalala? E do peixe gralhado, acabado de pescar? parece que sinto esses cheiros.
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