segunda-feira, 20 de setembro de 2010

PÉS NO ÍNDICO - RASTILHO DE PÓLVORA

Os xapas são carrinhas de transporte privado que fazem  a maior parte dos trajectos no país

Com noventa e cinco por cento da população a viver abaixo do limiar da pobreza ( Alguém que me explique quer os números quer o significado da expressão. Para mim isto significa o desespero extremo de quem nada tem), lado a lado com os restantes cinco em faustoso luxo e sumptuosas mansões, Moçambique tenta um equilibrio dificil entre a tranquilidade necessária para atrair investidores e os vários rastilhos do descontentamento da população.


O aumento de 30% no custo dos bens essenciais, incluindo nestes os custos dos "xapas" fez Maputo explodir!


Na véspera já se comentava nas ruas que a greve ia ser dura. A convocatória que circulava por sms era clara: havia que aproveitar a FACIM para denunciar mais este ataque ao paupérrimo povo moçambicano. Os objectivos eram claros: Desacreditar o governo Guebuza internacionalmente dando aos investidores motivos para equacionarem prudentemente a sua participação na economia do país e ao nível interno tratando de impedir a revisão constitucional que lhe dará a possibilidade dum terceiro mandato.


Está bem de ver que estes são os objectivos políticos. Os outros, aqueles que levaram diversos manifestantes a pilharem armazéns e a envolverem-se em confrontos com a polícia, são bem mais pragmáticos: são a fome e a falta de perspectivas futuras.


O exército carregou fortemente. Confrontado com a critica internacional sobre o uso de fogo real para dispersar os manifestantes, a resposta foi à bispo: tinham-se acabado as de borracha.


O resultado foram os números oficiais que apontaram para 13 mortos na Matola , entre os quais se contava uma criança vítima de bala perdida e os outros que contabilizaram bem mais do dobro.


Dos confrontos no Chimoio praticamente ninguém falou.


A FACIM, que este ano estava considerada como a melhor de sempre, esteve fechada durante dois dias. A capital parou durante outro tanto.


Viveram-se momentos de ansiedade. É que as revoltas, quando têm na sua base o desespero, tornam-se muitas vezes impossiveis de conter. Pelo menos sem banhos de sangue.


Há um vazio no olhar  que é urgente preencher
Desta vez o governo recuou mas... até quando se manterá este equilibrio de duas realidades tão desiguais??

1 comentário:

  1. O retrato desta realidade parece-me claro e assertivo. Aguardemos com atenção o que se vai passar nos meses e anos próximos. Qual vai ser a reacção do Governo Moçambicano? Como vai crescer a economia e que repercussão vai ter sobre o rendimento mensal dos Moçambicanos mais humildes.

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