Os xapas são carrinhas de transporte privado que fazem a maior parte dos trajectos no país |
Com noventa e cinco por cento da população a viver abaixo do limiar da pobreza ( Alguém que me explique quer os números quer o significado da expressão. Para mim isto significa o desespero extremo de quem nada tem), lado a lado com os restantes cinco em faustoso luxo e sumptuosas mansões, Moçambique tenta um equilibrio dificil entre a tranquilidade necessária para atrair investidores e os vários rastilhos do descontentamento da população.
O aumento de 30% no custo dos bens essenciais, incluindo nestes os custos dos "xapas" fez Maputo explodir!
Na véspera já se comentava nas ruas que a greve ia ser dura. A convocatória que circulava por sms era clara: havia que aproveitar a FACIM para denunciar mais este ataque ao paupérrimo povo moçambicano. Os objectivos eram claros: Desacreditar o governo Guebuza internacionalmente dando aos investidores motivos para equacionarem prudentemente a sua participação na economia do país e ao nível interno tratando de impedir a revisão constitucional que lhe dará a possibilidade dum terceiro mandato.
Está bem de ver que estes são os objectivos políticos. Os outros, aqueles que levaram diversos manifestantes a pilharem armazéns e a envolverem-se em confrontos com a polícia, são bem mais pragmáticos: são a fome e a falta de perspectivas futuras.
O exército carregou fortemente. Confrontado com a critica internacional sobre o uso de fogo real para dispersar os manifestantes, a resposta foi à bispo: tinham-se acabado as de borracha.
O resultado foram os números oficiais que apontaram para 13 mortos na Matola , entre os quais se contava uma criança vítima de bala perdida e os outros que contabilizaram bem mais do dobro.
Dos confrontos no Chimoio praticamente ninguém falou.
A FACIM, que este ano estava considerada como a melhor de sempre, esteve fechada durante dois dias. A capital parou durante outro tanto.
Viveram-se momentos de ansiedade. É que as revoltas, quando têm na sua base o desespero, tornam-se muitas vezes impossiveis de conter. Pelo menos sem banhos de sangue.
O retrato desta realidade parece-me claro e assertivo. Aguardemos com atenção o que se vai passar nos meses e anos próximos. Qual vai ser a reacção do Governo Moçambicano? Como vai crescer a economia e que repercussão vai ter sobre o rendimento mensal dos Moçambicanos mais humildes.
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