sábado, 12 de outubro de 2013

VOLTAR A ÁFRICA: BICHOS E HOMENS






Há um tempo diferente aqui e sem nos apercebermos vamo-nos deixando ir nesse suave torpor que o vento quente embala.
Dou por mim a tentar saber em que dia da semana estou ou qual a hora para logo de seguida concluir que o tempo é tão relativo e tão efémero que de nada interessa!
Em 2010 visitei a Gorongosa na esperança de ver , elo menos um dos big five! Se pudesse escolhar, pensei eu na altura, então ficaria frente a frente com um elefante!
Não é um animal bonito e muito menos elegante, pelo menos no conceito generalizado de elegância ao qual associamos sempre a imagem de leveza.
Mas talvez porque no meu imaginário o elefante é o último dos dinossauros ( ok, ok, já sei que "ah e tal  que disparate! Os dinossauros eram tudo menos mamíferos". Imaginário , sim?!!! Pronto, adiante!) era o animal que mais queria ver.
Rumámos ao Kruger, pois!
Sorte de principiante, ou alguém lá em cima que gosta de nós, ou apenas porque sim, vimos os BIG FIVE todos num dia! O primeiro... ei-lo ! Enorme, majestoso, sereno, o elefante olhava-nos com o mesmo desinteresse que dedicamos a um insecto inoportuno. Nem chegávamos a ser intrusos: estávamos ali apenas de passagem. Viajantes dum tempo que ali, no meio do reino dos animais, não fazia qualquer sentido.
Imagino que se os animais falassem uns com os outros como sonhava La Fontaine, a nossa passagem seria motivo de grande galhofa e desdém: uns palermas que focam os olhos até à miopia para conseguirem vislumbrar lá longe uma sombra, um movimento que pode ser tudo ou coisa nenhuma e com isso se contentam.
Têm razão sem dúvida, os intrusos somos nós. Mas como fui feliz neste dia em que , mesmo dentro duma carrinha munida de lente e câmara, pude ter um vislumbre de pura liberdade.





1 comentário:

  1. Bela fotografia ( a do elefante) e um texto inspirado no encanto de áfrica

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