quarta-feira, 27 de junho de 2012

SINAIS

As minhas viagens de ida e volta para o trabalho têm como “ pendura” a TSF.

Como diz o spot “ É a vida. Todos temos as nossas preferências!” e a minha é ouvir os blocos de notícias logo pela manhã.

Acontece que à hora em que ainda estou no meio do trânsito, acabo sempre por ouvir aquilo que é o outro lado da vida, contada pelo Fernando Alves.

Nem sempre é o bright side, mas é um olhar completamente que, mesmo neste lufa lufa que é o nosso quotidiano, nos faz pensar, por vezes sorrir e não raras vezes agradecer pela vida.

Num panorama jornalístico deprimente, cheio de escandaleiras, desgraças, tristezas e faits divers que mais parecem conversas de soalheiro, o” Sinais” é uma lufada de ar fresco, é uma pintura falada, feita de realidades tão variadas como as múltiplas vidas de que é feito este Mundo.

É disso que o Fernando Alves fala: das vidas, das pessoas, dos locais e dos cheiros, das memórias, numa linguagem que sem ser floreada é bela como um poema, transformando o discurso radiofónico, seco, conciso e árido por natureza, numa peça do mais brilhante jornalismo.

Há de tudo neste Sinais. Há a NOTÍCIA, com maiúsculas, o assunto que interessa, que tem conteúdo, que desperta, que lança a polémica ou que faz reflectir. Mas há também o carácter humano, o cunho do autêntico, por vezes do aparentemente simples, que cria no ouvinte uma empatia, como se aquela pudesse ser a sua própria história.

Todos os dias me sinto um pouco mais enriquecida depois de ouvir o Fernando Alves. Esse é para mim o verdadeiro serviço público da rádio.

“Sinais” é uma rubrica que deveria ser editada em livro, para folhear uma e outra vez.

Para quando Fernando Alves?

segunda-feira, 18 de junho de 2012

VESTIR A CAMISOLA









Um interregno enorme, porque a catadupa de acontecimentos , noticias e escândalos são de forma a deixar qualquer um tonto e perdido.


Para onde quer que se olhe o papão da crise assalta-nos literalmente deixando-nos exangues e sem vontade.

O que nos vale é o futebol para elevar a moral .

Embora sejamos um povo com costumes brandos, o que quer dizer que vamos cozinhando a nossa revolta em lume brando, já se aspira no ar ventos de mudança.

É um ar que assola a Europa como um todo e que começou com a queda do eixo Merkelzy, propagou-se à Espanha e reacendeu-se na Grécia.

A subida ao poder francês de François Hollande é pronuncio de uma viragem no paradigma europeu, fazendo-o transitar da ditadura dos mercados que quase inviabilizam a continuidade da EU, de novo para os cidadãos.

A recusa da Espanha em aceitar um resgate retomando a ideia da emissão de eurobonds e o braço de ferro da Grécia aliados a uma França que já não alinha cegamente no eixo germânico, dá –nos a luz ao fundo do túnel onde a Europa tinha mergulhado.

A vaga de fundo chega de mansinho a Portugal. As últimas sondagens mostram claramente o descontentamento dos portugueses, que dão uma clara vantagem ao maior partido da oposição, nas suas intenções de voto.

Tardiamente ( mas como diz o povo sábio” mais vale tarde do que nunca”) os portugueses aperceberam-se que o Novo Ciclo de António José Seguro era, exactamente isso: uma nova forma de fazer política, um corte com o passado sem o enjeitar, negar ou esconder, mas com uma firme vontade de seguir em frente por outro caminho.

Este último fim de semana foi palco de duas grandes vitórias: a do orgulho português em campo e a da renovação do PS Porto.

Uma nada tem a ver com a outra, naturalmente. Mas ambas são de saudar, já que representam cada uma na sua área, o renascer da esperança.

Em termos políticos e aos poucos mas firmemente, vão sendo deixados para trás os barões e baronetes, introduzindo no plano partidário do Partido Socialista uma forma diferente de fazer e estar na política. Uma forma clara, objectiva, com forte sentido do interesse nacional, com uma ideia clara e não submissa da política europeia.

José Luís Carneiro ganhou a Federão do PS no Porto. Dele se espera a consolidação e a afirmação do Norte, das suas especificidades, das suas vantagens e da sua força junto do poder central. Nele estão postos os olhares dos militantes socialistas, não apenas da região Norte mas todos os que acreditam que Portugal é um país viável e não este abismo, este vale de lágrimas e de sacrifícios, apregoado pelo governo.

Um governo que não veste a camisola do País nunca se poderá impor na Europa.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

JORNALISTA PRESSIONANDO RELVAS: REVOLTA EM MARCHA






Embora nos tenham tirado a tolerância da Terça Feira de Carnaval, tentando tornar –nos mais taciturnos, tristes e infelizes o que é certo é que continuamos a ser um país que consegue rir de si próprio. Mas é sempre um riso amarelo, meio deprimido, na linha invertida de “ quem não pode rir chora!”


Rimos das nossas misérias, dos escândalos dos nossos políticos, da morosidade e das sentenças da nossa justiça…Rimos das pantominices que nos impigem como entretenimento, rimos da nossa falta de sorte, da nossa pequenez… Rimos realmente porque já não sabemos chorar.

É talvez porque levamos a vida neste riso desconsolado, que nos adaptamos aos costumes brandos que nos limitam a revolta. Se saímos à rua em manifestação fazemo-lo de forma tímida e contida, sem confrontos nem muita expressão. E se calha estar sol, bom tempo, bem que trocamos a contestação por uma boa tostadela na praia!

Não há escândalo que não dê uma boa anedota!

O caso Relvas é paradigmático disto mesmo, agravado com uma amnésia apropriadamente selectiva, que o leva a não recordar datas de almoços ou reuniões mas que não o deixa esquecer pormenores da vida pessoal deste ou daquele.

Aqui entre nós tenho bem mais medo deste senhor que tem um computador na cabeça do que qual outro que possua documentos , mesmo que sigilosos, numa pen, disco rígido , ipad, portátil, telemóvel e tuttiquanti.

Um ministro que tutela a pasta que abrange a Comunicação Social e que se permite exercer a mais descarada censura ao ameaçar a vida particular duma jornalista caso esta exerça o seu ofício, não tem condições nenhumas para continuar no governo!!

Disse-o e escrevi-o : qualquer figura pública tem que seguir a máxima da mulher de César, à qual não basta ser séria, é preciso parecê-lo.

Depois de tantos esqueletos saindo dos armários de S. Bento, já ninguém confia na inocência, manchada por uma atitude suspeita .

Podemos gostar de rir , sim , mas desengane-se quem nos toma por palhaços! Mesmo que tristes!!