quinta-feira, 17 de maio de 2012

300 VERSÃO 2012

Vá lá saber-se porquê neste fim de semana vi, uma vez mais ( em verdade pela primeira na totalidade já que da outra vez apanhei o filme a meio) o “300”.


Premonitório, não?



A saída da Grécia do espaço Euro, era previsível e tornou-se inevitável após as últimas eleições que deixaram o país sem governo .

Ora a Grécia não é a Bélgica que durante mais dum ano esteve com um governo de gestão sem que tal fizesse a mínima mossa , nem interna nem externamente.

Mas ninguém pode negar que os gregos são duros de roer e que entre dobrar e quebrar… estoiram!!

Não é por nada mas tenho –lhes uma certa admiração! Não andam cá com paninhos quentes… ou é ou não é !

O povo grego que deu à humanidade a noção de democracia, dá agora à Europa uma lição de soberania.

Para muitos trata-se dum suicídio . Para outros, possivelmente mais ingénuos e utópicos, a saída inevitável da Grécia do jugo do mercado único , é um grito de rebeldia.

Uma rebeldia temida pelo efeito dominó que pode suscitar dentro duma Europa que se vergou aos mercados e à economia especulativa, esquecendo a solidariedade para que estava destinada..

Por cá a expectativa mantém-se, com os nossos governantes na sua senda de bons alunos a tentarem demonstrar quão diferentes são dos gregos. Infelizmente, diria. Porque mesmo que a história do “ 300” se repita duma coisa estou certa: A Grécia cairá, orgulhosamente, de pé.

E mais vale morrer de pé que viver toda a vida de cócoras!

terça-feira, 8 de maio de 2012

A EUROPA JÁ ESTÁ A ARDER ???


O meu coração sempre bateu à esquerda, tal como o de Jacques Séguéla no célebre slogan da campanha de Mitterrand   As razões são várias, mas, como quase todos os pensamentos mesmo os maiores, podem-se sintetizar neste pensamento singelo: a igualdade de direitos e deveres que a todos assiste tem que ser mantida na maior liberdade e respeito pelo individuo e pelo colectivo.

Devia pois sentir-me no mínimo radiante com o volte face acontecido no passado fim de semana nas eleições francesas, tendência que, ao que tudo indica, se irá alargar ao espaço  eleitoral europeu.

Acontece que não consigo deixar de pensar que talvez tenha sido tarde demais, que uma Europa a 27 não encontra facilmente um caminho unitário e coeso, que o monstro foi criado e agora dificilmente se poderá controlar.

A busca dum rumo para esta Europa que cresceu rápido demais e com uma visão excessivamente economicista e liberal, não é de agora. A inexistência de líderes com horizontes políticos alargados, com estratégias definidas e autónomas dos mercados, em suma, a falta de estadistas na mais ampla acessão da palavra, conduziu a Europa a um deserto de ideais onde começa a ser penoso viver. E quando a vida se torna insustentável, tudo é possível e isso é assustador!

Os cidadãos europeus disseram NÃO a uma política que endeusou os mercados e a eles se vergou sem ter em conta as pessoas. Puniram, inequivocamente, os arautos da austeridade que em prol de interesses tão difusos e externos ao indivíduo, reduziram a política  a uma mera gestão da coisa pública , que não teve em conta o cerne de qualquer governo : as pessoas.

Os lideres desta Europa cometeram um erro de casting ao assumirem que a maioria dos europeus se submeteria ao paternalismo déspota  que lhe quiseram impor. Enganaram-se e esse é um engano que nos pode sair a todos muito caro!!

O meu coração sempre bateu à esquerda. Por várias razões que se podem sintetizar neste pensamento singelo: a igualdade de direitos e deveres que a todos assiste tem que ser mantida na maior liberdade e respeito pelo individuo e pelo colectivo. Devia pois sentir-me no mínimo radiante com o volte face acontecido no passado fim de semana. Acontece que não consigo deixar de pensar que talvez tenha sido tarde demais, que uma Europa a 27 não encontra facilmente um caminho unitário e coeso, que o monstro foi criado e agora dificilmente se poderá controlar.

François Hollande tem um fardo enorme sobre os ombros! Herda um casamento político do qual, dificilmente sairá impune. É da História que das alianças Franco- Germânicas nunca surgiu nada de bom. Que acontecerá agora que um dos interlocutores foi substituído? Terá a França a força suficiente para controlar a hegemonia germânica que já se começava a desenhar?

Da Grécia não falemos, pois que pouco ou nada há a dizer. A revolta das ruas transposta para as  urnas chega, claramente, tarde demais ao poder. Agora aos helénicos resta apenas o caminho da ruptura e esta pode ser o rastilho que incendeie toda a União que nunca esteve tão desunida nem tão fragmentada.

E todos estudámos o que uma tal fragmentação traz consigo!

Por isso é que hoje, já no rescaldo dos resultados, passada a euforia de uns e secas as lágrimas de outros, é tempo de nos perguntarmos – todo!- s se queremos ver arder esta Europa que tanto custou a construir.