segunda-feira, 9 de abril de 2012

LAPSUS LINGUAE OU AMÊNDOA AMARGA





Páscoa, ensinaram-me em pequena, significa passagem , renovação, renascimento.

Se há algo de que hoje a Europa em geral e Portugal de maneira muito particular, precisa , é de renovação, de novas políticas, duma nova forma de estar e fazer política, dum olhar novo sobre o que significa governar e duma nova perspectiva do lugar do estado na sociedade.

A Europa tornou-se num espaço estéril de valores e de consciência social.
Portugal deixou de ser o jardim plantado à beira mar ,para ser um pântano fervilhante de crocodilos que abocanham o que podem e outros répteis , rastejando por entre a lama .
As amêndoas desta Páscoa foram amargas e nem sequer tiveram a roupagem da lusitana “ amarguinha” . Foram assim à bruta , deixando nos que ainda tinham dúvidas, a noção clara de que tínhamos saltado da frigideira para o fogo , em tradução livre mas bem a propósito, do velho adágio britânico.
O Partido Socialista viveu nos últimos tempos , um dos mais negros períodos da sua história. Esquecido, ele também, dos velhos valores pelos quais se pautava, deixou que emergissem figuras que em nada dignificaram nem a vida política nem o Partido que, por definição, se deveria pautar pela solidariedade e por uma moral social.
Não adianta escamotear ou esquecer. Foi assim! O eleitorado testemunhou e puniu. E bem!
Decidiu que estava na hora de mudar e deu ao PSD e ao seu líder Pedro Passos Coelho a possibilidade de restaurar a dignidade nacional e o equilíbrio social e económico. Iludiu-se com palavras de honestidade, seriedade, lisura e transparência, com que PPC o eterno relegado pelos seus pares, se apresentava , contra ventos e marés internos, aos portugueses. Dentro do PSD conheciam-no bem! Sabiam das suas ideias ultra liberais e da sua sofreguidão pelo poder. E foi esse afã que o próprio partido utilizou, sabendo que aos olhos dos eleitores, passos Coelho apresentava-se sem mácula já que nunca tivera palco para poder mostrar o ( pouco ) que valia. Como tal deixou-o ir.
Agora, passados estes longos meses de governo ultra liberal, refém voluntário e pactuante duma troika bizarra que ninguém sabe ao serviço de quem está ( ou melhor- sabe: está ao serviço do capital internacional sem rosto e sem responsabilidades sociais!) , os portugueses começam a entender que tudo não passou duma encenação cujo único objectivo foi tomar de assalto o poder a todo o custo.
Não conheço sequer os contornos do PEC IV que, ao que se sabe, teria sido aceite internacionalmente. Mas “aqui d’el rei” que o país tinha sido ultrapassado , nas pessoas de sua Ex.ª o Sr. Presidente da República e do Parlamento, que não tiveram conhecimento antecipado e como tal não aceitaram, linearmente, uma solução que poderia ser muito boa ( ou não. Jamais se saberá) mas que subvertera a hierarquia das instituições.
Governo abaixo e porta aberta para alguém que, noutras circunstâncias, nunca seria primeiro ministro dum país democrático.
O resultado está á vista, culminando nesta Páscoa, tempo de renovação e de verdade, com o lapsus lingae do Ministro das Finanças. Logo ele que faz questão de tão bem articular as palavras, cadenciando-as como se estivesse a falar para diminuídos auditivos ou mentais e – azar doa azares- entaramelou-se em relação às datas!! Afinal os cortes nos subsídios de Natal e de Férias não eram até 2013 mas sim até 2015. Coisa pouca!! E depois serão repostos faseadamente…
Quer dizer, não contente em assobiar para o ar em relação aos cortes feitos nos vencimentos da função pública ( que em muitos casos foi de 10%!!) inicialmente, apenas temporários, vem agora dizer que se tratou dum lapso a informação da reposição dos subsídios em 2014!! Se isto não é mentira e má fé não sei o que chamar-lhe!!
Talvez incompetência pura, uma vez que tudo o que se consegue com tais medidas, é uma recessão com que alguém se irá haver mais tarde . As medidas deste governo apenas visam o imediato, preparando um futuro longínquo. Não é um contra censo, É um estratégia de baixa política
Duras como são, não restam dúvidas que penalizarão o governo no poder.
O Partido Socialista será chamado novamente á governação e deparar-se-à com uma economia completamente destruída, uma completa submissão a políticas externas, um espartilho que não o deixará pôr em prática quaisquer medidas alternativas.
Mas entretanto a conjuntura internacional alterar-se-á. Com sorte para melhor. E é com este horizonte que PPC e os seus rapazes contam! Neste momento estão a governar para perderem as próximas legislativas. Para se vitimizarem e colocarem nas mãos de outrem a criança com a fralda cheia!
Entretanto vão rezando para que as coisas mudem. Para que a Europa volte a dar leite e para que possam novamente voltarem à mama lá para 2020.
Isto é o que eu chamo governar a longo prazo e com vistas largas!!