sexta-feira, 9 de março de 2012

BASTA! DIA INTERNACIONAL ...





Passou mais um Dia Internacional da Mulher e desta vez após a leitura dum blog algures, não tive coragem par me insurgir ( como faço ano após ano!) contra esta coisa discriminatória que nos coloca no mesmo plano dos “ desgraçadinhos”, dos “ marginalizados” dos esquecidos nos restantes 364/365 dias do ano.
Sim porque isto de haver um dia das mulheres a par dum dia Internacional do Não Fumador, Dia Mundial das Zonas Húmidas(!)Dia Europeu da Vítima, Dia Mundial de Oração pelas Vocações, Dia do Pescador etc etc sempre me causara uma enorme revolta.
Este ano porém foi-me dada outra versão da efeméride : Neste dia comemora-se e presta-se homenagem a todas as mulheres que lutaram pela igualdade (gosto mais da palavra equidade, pois que acho que não somos, de todo, iguais aos homens e nisso reside a beleza da humanidade ), pelo direito ao voto, pela emancipação profissional e pessoal, pela liberdade sexual.
Assim de facto entende-se a comemoração e a todas essas grandes mulheres devemos prestar a nossa homenagem e gratidão.
O que nos deverá colocar outra questão: O que temos feito para seguir essa senda que nos legaram? Onde estão as vozes e os movimentos contra as atrocidades ainda hoje cometidas contra as mulheres que nalgumas sociedades são tratadas abaixo de qualquer animal?
Desenganem-se os que pensam que isso é “ lá fora” ( como se dizia nos anos 60 a propósito da guerra no ultramar que nos matava os nossos jovens às centenas). Aqui no nosso país continuamos a ter uma escandalosa percentagem de mulheres abusadas, batidas, maltratadas, mortas. E sobretudo caladas, remetidas ao silêncio.
Não basta haver leis que servem na sua maioria para tranquilizar consciências! É preciso chegar a essas mulheres, mostrar-lhes a sua dignidade esquecida, fazê-las entender que o círculo de violência pode e deve ser quebrado. Que há que dizer Basta! Primeiro para si mesmas e depois agir.
O fluxo migratório trouxe para Portugal outras culturas, outras religiões e com elas outros estatutos do feminino.
Estas mulheres encontram-se perdidas numa cultura que não é a sua, abandonadas e ignoradas pela nossa sociedade que não se preocupa com práticas tão horrendas e medievais como a excisão, o cativeiro, a violência.
Uma grande maioria não fala uma palavra da nossa língua nem de outra qualquer além da sua. Não conseguem pois fazer-se ouvir. Temem as autoridades e não têm nem família nem amigas. Estão sós e dessa forma ainda mais vulneráveis do que se estivessem nos seus países de origem.
São estas mulheres que clamam por um dia seu! Essa é a tarefa que nos cabe em legado a nós, mulheres libertadas pelo esforço e sacrifícios de outras. Mulheres que têm orgulho em serem diferentes mas iguais na dignidade de seres humanos.
Que o próximo Dia Internacional da Mulher seja realmente um Dia de Equidade de Género e que abranja TODAS as mulheres.

1 comentário:

  1. Plenamente de acordo.
    Quanto à equidade versus igualdade, costumo lutar pela Igualdade de Oportunidades, dado que somos diferentes, Thanks God :-))

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