segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

LÍNGUA DE TRAPOS!!!












O Acordo Ortográfico deve ter sido, na história dos acordos, aquele que reuniu mais vozes em desacordo,!






Assinado e em vigor, agora já não há volta a dar-lhe, por muito que o Prof. Vasco Graça Moura vocifere e emita ordens internas em contrário: Dura Lex, Sede Lex e mais nada!






Talvez se na altura em que ainda era possível contestar, argumentar, as pessoas que o podiam e tinham responsabilidades de o fazer , tivessem apresentado provas de que um tal acordo não servia para mais nada do que construir uma enorme Babel Lusa que, francamente , não sei a quem aproveitará, se tivessem evitado toda esta polémica.






Isto porque o Acordo é apenas ortográfico e não lexical!! Ou seja : continuar-se-á a dizer fato ( já sem “c”) o que para nós, falantes de português de Portugal tanto poderá ser “ acontecimento real”; “prova” como fato de saia casaco ou calça e casaco! Terno para estes últimos e fato apenas para o primeiro caso, no que se refere aos que se exprimem em português do Brasil. O mesmo acontece com “ travão” e “freio”, “gelado” e “picolé”, “ camisa de dormir” e “camisola” e por aí adiante.






Conseguiu-se o quê, afinal? Tornar a língua mais fácil dizem uns, uma vez que a discrepância entre a forma falada e a forma escrita levava a sérias dificuldades aos aprendizes do Português tornando-a “ muito difícil”.






Perfeito!! Estou mesmo a ver os chineses a fazerem também um acordo e em vez que caracteres , que como sabemos são ideográficos, passarem a desenhos dos significantes!






A necessidade que temos de facilitar, tem tido como consequência a criação de gerações pouco letradas e pouco aplicadas. E depois “Aqui d’el-Rei” ( Sim, pois. É uma expressão idiomática completamente ultrapassada. Mas hoje sinto-me uma velha do Restelo e como tal…) que os níveis de fracasso em Língua Portuguesa são assustadores ! Vamos ver então os resultados agora com este Acordo, com o qual só o que o fizeram estão de acordo.






Mas os atentados à Língua não se ficam por aqui! Os nossos politólogos (??!!) e jornalistas são exímios em tornar os erros ( leia-se calinadas) em modismos que, pela repetição mediática, acabam por ser aceites e entrar no léxico normal.






Aqui há anos foi a moda do “ à séria”. Alguém, me consegue explicar donde veio esta aberração??? Eu sempre tinha ouvido a expressão “a sério” utilizada nas mesmíssimas circunstâncias. Que terá mudado ?






Esta semana foi a vez de ter ouvido na rádio a seguinte frase: “ Caso se mantenha a seca a situação será desesperada, uma vez que os nascentes se encontram já com pouco caudal”. Desculpe? ! Não se importa de repetir? Por quem é! Aqui vai disto : e toca a repetir até à exaustão. Todo programa se falou dos nascentes !






Assumo humildemente a minha ignorância hidrográfica, mas a menos que alguém me explique como é que as nascentes mudaram dum momento para o outro de género, vou dar por conta duma calinada não assumida e que, não tarda estará na boca de todos como mais um modismo completamente parvo.






Sim porque, atenção!, eu considero que a Língua tem que evoluir , ser dinâmica. Mas com um propósito definido e com lógica! Agora fazer da asneira a regra ortográfica ou lexical em pouco tempo teremos uma língua de trapos. Ou de trapas, quem sabe?!






Sem comentários:

Enviar um comentário