quinta-feira, 28 de outubro de 2010

PER SALTUM*

Fico espantada com esta coisa do Simplex!! No global a montanha nem sequer chegou a parir e em casos excepcionais o resultado foi dar à luz o Facilitex que é assim uma forma de desenrascanso que permite as coisas mais aberrantes.
Quiça ( gosto tanto desta palavra- quiça!!!Soa tão bem! Além de dar um ar intelectual  a quem a usa!) o erro não esteja no programa, mas sim em quem o usa e em quem o implementa. È que existe a forma e o bom senso e este, embora devesse ser comum, verifica-se ser mais incomeum dos sensos.
Vem tudo isto a propósito destes novos acessos ao ensino superior.
O caso ( verídico!!) que me chegou, brada aos céus e choca os humanos. Pelo menos aqueles que queimaram as pestanas e obrigaram os filhos a um regime de trabalho que lhes permitisse prosseguir os seus estudos de acordo com a sua vontade.
Ela tem 48 anos e afirma com toda a sinceridade, que está a realizar um velho sonho : frequenta o curso de Direito numa universidade. É um sonho belo, legitimo e que só dignifica a sua proprietária. As razões que a levaram a chegar a esta idade sem o ter cumprido, ao contrário de muitos cuja vida economicamente lhes foi adversa, prendeu-se com a simples incapacidade intelectual. Legítima também! Nem toda a gente pode ser cirurgiã, ou advogado e se pudesse escolher com quem gostaria de estar num navio a afundar, bem que iria preferir um carpinteiro ou um canalizador ao melhor dos arquitectos. Só depois da revolução é que este país decidiu passar do 8 ao 80 e tomou a peito a igualdade a todo o custo e o nivelamento por baixo.
Mas adiante. Voltemos à história.
Ficou-se a heroína deste relato, pelo antigo 5º ano dos liceus, tirado a ferros e com muito chapadão dos pais que tiveram que se render ao facto da sua filha " ... não dar para aquilo!".
Eis que lhe chegou aos ouvidos o programa do acesso ao ensino superior aos maiores de 23 anos, mediante exame de admissão.
O processo é. desde logo, altamente injusto. Enquanto uns andam a queimar as pestaninhas, a fazer sacrifícios e contas à vida para conseguirem não só acabar o 12º ano como fazê-lo com as notas mirabolantes EXIGIDAS, que lhes permita "entrar" nos cursos pretendidos, outros limitam-se a esperar que cheguem uma dada idade e, nem que tenham a 4ª clase de adultos, toma lá um tapete vermelho para o Olimpo dos doutores. 
Contraporão alguns que o exame é uma forma de selecção. A esses pergunto se já viram algum. Eu já e fiquei assustada. Temo que daqui a alguns anos entre nas urgências com uma apendicite e saia de lá sem amigdalas!
Pois a boa da rapariga fez o exame e, azar dos azares, reprovou!
Acabrunhada, vendo o seu sonho cada vez mais longe, eis que uma luz lhe surge no fundo do túnel: Uma determinada universidade privada, aceita-a como " aluna externa(!)", deixando-a assistir às aulas e fazer os exames, afirmando-lhe que, caso passe nestes, transita imediatamente para aluna matriculada. Isto tudo pela módica quantia de 1000€!
Feliz e contente a nossa futura doutora de caderno debaixo do braço lá vai ela a cminho das aulas. Dificeis! afirma suspirando. Mas de facto vantajosas! É que passou de imediato a assistir às aulas do 2º ano.
Isto sim é Simplex a sério!

* Expressão roubada a um amigo meu, homem que, vejam só!!! cursou cinco anos de Direito!!!!

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