terça-feira, 13 de julho de 2010

PASSAR ALÉM DA TAPORBANA






Do homem pouco ou nada sabia. Vira-o uma ou duas vezes na televisão, sempre

com o ar de quem está de partida, apressado mas com uma calma quase ascética, comedido nas palavras, passando ao lado dos holofotes. Conhecia superficialmente o seu trabalho como presidente da AMI e pouco mais.

Quando se perfilou para a Presidência da República, a minha primeira reacção foi pensar que o homem tinha ensandecido. Logo em seguida veio o anedotário da praxe: se o país está nesta catástrofe que se conhece, então quem mais que o Fernando Nobre para lhe acudir?


A isto se resumia o meu conhecimento do homem que ontem no Forum Portucalense nos presenteou com uma verdadeira lição de cidadania.

É um facto que de politico, na acessão mais limitada e mesquinha da palavra e que simboliza os que nunca outra coisa foram na vida, nada tem. Falta-lhe o brilho das belas palavras, que colmata com a simplicidade das ideias claras que todos entendem. Falta-lhe o carisma mediático que ultrapassa com o à vontade de quem viu o Mundo com olhos de homem e para quem o sofrimento humano não é um dado distante.

Mas é um Grande politico porque tem a ousadia de chamar a si , não o protagonismo das parangonas, mas a participação responsável do cidadão na vida do seu país . E essa é a verdadeira política.

Fernando Nobre ousa querer passar além da Taporbana! Ousa olhar a Nação, a Pátria não como palavras escritas e redondas, mas como realidades amadas que há que proteger e colocar no lugar que é seu por direito e que não se confina ao pequeno rectângulo que vai do Minho ao Algarve , saltando à Madeira e aos Açores.

A bela frase " A minha Pátria é a língua portuguesa" toma em Fernando Nobre um âmbito real, concreto, não se limita ao discurso oco e politicamente correcto. Essa é aliás mais uma característica sua: Não é nem está preocupado em ser, politicamente correcto.

É um homem de acção. É preciso agir? Então aja-se! Já! Agora! Contra ventos e marés! Sem preocupações nem pruridos desta ou daquela natureza. A acção do cirurgião nunca pode ser balizada pelos formalismos, sob pena de se perderem vidas, e ele é, sempre será, um cirurgião.

Fernando Nobre enfrenta agora talvez um dos maiores desafios da sua carreira: salvar a vida duma Nação! Duma Nação que perdeu a esperança e a confiança em si mesma. Duma Nação que se apequenou mercê de politicos profissionais para quem a Pátria é lingua morta.


A candidatura de Fernando Nobre à presidência é a manifestação clara do poder da sociedade civil. Cansada do espartilho partidário, cansada do economicismo sem humanismo, decidiu romper as limitações e passar além da Taporbana, além dos medos e dos desânimos.

Falta cumprir Portugal- dizia Fernando Pessoa.

Cumpra-se! - diz um outro Fernando.

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