terça-feira, 11 de maio de 2010

Chegamus Papa!



A histeria colectiva que se apossou do nosso país nos últimos dias , relegou para segundo plano questões bem mais importantes como sejam a grave crise económica e politica que atravessamos. Quem sabe se um fenómeno não está ligado ao outro, mas isso seria ir longe demais na teoria da conspiração. ... Seria ?

Mas pondo de parte a especulação que se possa vir a fazer sobre manobras de diversão, existem factos muito concretos que merecem ( mais uma! ) reflexão.

O Papa João Paulo II que foi uma figura ímpar e incontornável na história do seu tempo, que arrastva multidões, nunca teve neste país profundamente católico, nada que se parecesse com o grande circo montado em torno desta visita papal.

De acordo que, mais do que um chefe de estado , acolhemos o líder espiritual de milhares de crentes e Portugal, por muito laico que se pretenda no seu Estado, é, indubitavelmente, um país católico. Logo as honras a prestar nunca estariam em causa.

O que me merece um olhar crítico é o fausto exagerado e toda a agitação em torno desta visita. Leva-me a questionar qual a real razão de todo este sururu.

Bento XVI não arrasta multidões nem tem tido um papel activo evidente na sociedade de hoje. Muitos contrapõem a esta opinião a sua enciclica CARITAS IN VERITATE onde é criticado o sistema capitalismo que mergulhou o Mundo numa profunda crise. Mas... quantos de nós lemos o documento? Pede-se a um líder espiritual que chegue a TODOS os seus fieis e seja visivelmente actuante na história da humanidade. Não é o caso deste Papa.

Então que razão existe para tanta azáfama, tanto rebuliço em torno duma visita de quatro dias que se cifrará numa despesa escandalosa para o nosso país que irá, literalmente, parar ?

Só encontro uma explicação: Estamos perante uma enorme campanha de marketing que tem dois objectivos: Por um lado minimizar os danos provocados pela vaga de escândalos que tem assolado a igreja, através duma operação de charme . Por outro recuperar " mercado" já que os últimos números apontam para um decréscimo de mais de 50% de casamentos e baptizados católicos , desde 2000 ano da vinda de João Paulo II ao nosso país. Ora isso significa uma perda não displicente, de rendimentos reais .

Queira Deus que tal campanha de marketing não tenha um efeito boomerang. São os riscos da publicidade que não tem em conta a capacidade critica do seu público-alvo.

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